sábado, 16 de outubro de 2021

Robô da Nasa confirma em Marte sinais de antigo lago alimentado por um rio


Resumo: O rover Perseverance, que chegou em fevereiro a Marte, entregou na última semana os seus primeiros resultados científicos que confirmam o interesse de se buscar sinais de vida no local de pouso, uma cratera onde acredita-se que havia um lago alimentado por um rio.

Close da 'Escarpa Delta' na cratera Jezero de Marte, em foto feita pelo rover Perseverance — Foto: JPL-Caltech/LANL/CNES/CNRS/ASU/MSSS/Nasa via AFP

Incorporada ao mastro do robô da Nasa, a Supercam permitiu observar no solo do planeta vermelho o entorno da cratera Jezero e transmitir por satélite uma série de imagens.
Estas primeiras fotografias em alta resolução confirmaram o que havia sido observado da órbita, ou seja, os sinais de que na cratera de aproximadamente 35 quilômetros de diâmetro havia um lago fechado, alimentado pela desembocadura de um rio, há cerca 3,6 bilhões de anos.
O estudo publicado na quinta-feira (07.10.2021) na revista "Science", o primeiro desde a aterrissagem do Perseverance, oferece numerosos detalhes sobre a história da cratera. A Supercam permitiu identificar estratos de sedimentos que são "ótimos candidatos para se encontrar sinais de vida do passado", explicou o Centro Nacional da Pesquisa Científica da França (CNRS, na sigla em francês), durante a apresentação à imprensa dos resultados do estudo, realizado por um de seus pesquisadores, Nicolas Mangold.
Esses estratos, procedentes de um monte de 40 metros de altura batizado de Kodiak, são "sedimentos argilosos ou arenosos, nos quais é mais fácil preservar matéria orgânica", explicou o astrogeólogo.
'Matéria orgânica'
A matéria orgânica produzida por organismos vivos se constitui de uma mistura de moléculas complexas de carbono, hidrogênio, nitrogênio e de umas poucas de oxigênio, explicou Sylvestre Maurice, do instituto de pesquisa em astrofísica e planetologia da Universidade Paul Sabatier, em Toulouse.
"Encontramos este tipo de matéria nas profundezas do solo terrestre e nos depósitos de sedimentos do delta de um rio, o que confirma o interesse pela cratera Jezero por parte da astrobiologia (ciência que estuda a vida no universo)", acrescentou.
Todas essas observações, feitas pelo rover a uma distância de mais de 2 quilômetros das formações geológicas estudadas, permitirão que agora o equipamento se concentre em recolher amostras, que deverão ser trazidas para a Terra até 2030 para serem examinadas.

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

OMS dá prêmio póstumo a mulher negra que teve células cancerígenas retiradas do corpo sem consentimento

Link para texto completo: https://g1.globo.com/saude/noticia/2021/10/13/oms-da-premio-postumo-a-mulher-negra-que-teve-celulas-cancerigenas-retiradas-do-corpo-sem-consentimento.ghtml

Resumo: A Organização Mundial de Saúde homenageou nesta quarta-feira (13.10.2021), de forma póstuma, a mulher negra americana Henrietta Lacks com o Prêmio do Diretor-Geral da OMS. O prêmio reconheceu a contribuição e o legado de Lacks para a ciência e as injustiças raciais cometidas em nome da ciência contra pessoas negras, especialmente mulheres, no passado.
Lacks morreu em 1951, aos 31 anos, de câncer de colo de útero. Ao perceber os primeiros sintomas da doença e procurar atendimento médico, ela teve suas células cancerígenas retiradas para biópsia sem seu conhecimento nem consentimento. Elas acabaram possibilitando grandes avanços na ciência.
“Ao homenagear Henrietta Lacks, a OMS reconhece a importância de levar em conta as injustiças científicas do passado e promover a igualdade racial na saúde e na ciência”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, primeira pessoa negra e africana a ocupar a chefia da entidade.
“É também uma oportunidade de reconhecer mulheres – especialmente mulheres negras – que fizeram contribuições incríveis, mas muitas vezes invisíveis, para a ciência médica", completou Tedros.
A comunidade científica chegou a esconder a cor da pele de Henrietta Lacks e sua história real – "um erro histórico que o reconhecimento de hoje busca reparar", segundo comunicado de imprensa da OMS.
"O que aconteceu com Henrietta foi errado por pelo menos três razões. 
"Um: ela viveu em uma época em que a discriminação racial era legal em sua sociedade. A discriminação racial pode não ser mais legal na maioria dos países, mas ainda é generalizada em muitos países", disse Tedros ao entregar o prêmio.
"Dois: Henrietta Lacks foi explorada. Ela é uma das muitas mulheres negras cujos corpos foram mal utilizados pela ciência. Ela confiou no sistema de saúde para que pudesse receber tratamento. Mas o sistema roubou algo dela sem seu conhecimento ou consentimento", acrescentou o diretor.
"Três: as tecnologias médicas que foram desenvolvidas a partir dessa injustiça foram usadas para perpetuar mais injustiças, porque não foram compartilhadas de forma equitativa em todo o mundo. As células de Henrietta foram fundamentais no desenvolvimento de vacinas de HPV que podem eliminar o mesmo câncer que tirou sua vida. Mas em países com maior incidência de câncer cervical, essas vacinas não estão disponíveis em doses suficientes", concluiu.

quinta-feira, 14 de outubro de 2021

Por que a Terra está refletindo menos luz nos últimos anos?

Link para texto completo: https://www.bbc.com/portuguese/geral-58887627

Resumo: Isso quer dizer que nosso planeta está refletindo, ou devolvendo, menos luz do Sol para o espaço, segundo um novo estudo publicado na revista Geophysical Research Letters, da União Geofísica dos Estados Unidos, em setembro.
Os autores da pesquisa, dos EUA e da Espanha, chegaram a essa conclusão depois de analisar dados da quantidade de luz que a Terra reflete na Lua, reunidos durante os últimos 20 anos por satélites e pelo Observatório Solar Big Bear, da Califórnia.
Os cientistas ainda esperam identificar com precisão as causas da redução do brilho terrestre, mas já apresentam algumas hipóteses.
As partes escuras do planeta absorvem a luz e o calor da nossa estrela, o Sol. As partes claras, como as superfícies de gelo dos polos e as nuvens, refletem e devolvem a luz ao espaço.
A quantidade de luz do Sol que a Terra reflete é conhecida como albedo e, em média, é composta por cerca de 30% de toda a luz solar recebida.
"As mudanças na cobertura de gelo, nebulosidade, cobertura da Terra (como florestas ou terras de cultivo) e contaminação do ar provocam efeitos sutis no albedo global", explica em seu site o Observatório Terrestre da Nasa, a agência espacial americana.
Durante as últimas duas décadas, o albedo tem se reduzido. "A Terra agora reflete cerca de meio watt menos luz por metro quadrado do que há 20 anos. Isso é o equivalente a uma redução de 0,5% na refletância da Terra", disse a União Geofísica dos EUA.
Essa redução se concentrou principalmente nos últimos três anos. "A queda do albedo foi uma surpresa para nós, quando analisamos os últimos três anos de dados, depois de 17 anos de albedo quase estável", disse Philip Goode, pesquisador do Instituto de Tecnologia de Nova Jersey, nos EUA, e autor principal do estudo, se referindo aos dados da luz refletida pela Terra de 1998 a 2017.
Os autores do estudo não detectaram mudanças no brilho do Sol nos últimos três anos, portanto, a diminuição da luz refletida não está relacionada ao Sol, mas sim a fatores ligados à Terra.
A causa detectada pelos cientistas na Terra foi uma variação "substancial" na quantidade de nuvens em certas zonas do oceano Pacífico, disse à BBC News Mundo Enric Pallé, um dos autores do estudo e pesquisador do Instituto de Astrofísica de Canárias e do Departamento de Astrofísica da Universidade La Laguna, na Espanha.
Há menos nuvens — portanto menos superfícies brancas e brilhantes que refletem a luz no oceano Pacífico Ocidental — em comparação com as costas ocidentais da América do Norte e América do Sul, segundo dados do Sistema de Energia Radiante das Nuvens e da Terra, da Nasa.
Essa redução nas nuvens se deve a um aumento da temperatura do mar, "com prováveis conexões com a mudança climática global", disse a União Geofísica dos EUA num comunicado em setembro.
Mas Pallé disse à BBC News Mundo (serviço de notícias em língua espanhola da BBC) que não sabe "se seria tão fácil atribuir (o aumento da temperatura do mar) à mudança climática, porque o sistema climático é muito complexo" e porque o albedo só tem sido medido nos últimos 20 anos, enquanto os "processos naturais possuem ciclos mais prolongados".
"Ou seja, acho que é provável que se deva às mudanças climáticas, mas acredito que seja prematuro afirmar isso por enquanto. Pode ser que haja ciclos naturais de nebulosidade que podem estar modificando o albedo", destacou Pallé.
"Dentro da tendência de aquecimento global, há episódios de aumentos e reduções (de temperatura), então, quem sabe estejamos vendo algo episódico", acrescentou o pesquisador.
O especialista em clima John Nielsen-Gammon, professor do Departamento de Ciências Atmosféricas da Universidade do Texas, disse à BBC News Mundo que a "cobertura das nuvens está intimamente ligada aos padrões de temperatura e vento na atmosfera, que são afetados pelo aquecimento global e a variabilidade natural".
"(Mas) o registro de 20 anos de brilho da Terra não é realmente suficientemente longo para separar esses dois efeitos", afirmou também Nielsen-Gammon, que não participou da pesquisa.
Para determinar exatamente a que se deve a variação no albedo, "temos que seguir medindo como ele vai mudar nos próximos anos, medir por um tempo suficientemente longo para ver se realmente podemos associar isso às mudanças climáticas e estar seguro de que não é uma variação natural", destacou Pallé.

Consequências
Enquanto investigam as causas da redução do brilho terrestre, os cientistas sabem que a luz e o calor do Sol que a Terra deixa de refletir ao espaço permanece no planeta, nos oceanos e na atmosfera. Portanto, pode influenciar na temperatura.
"Se a quantidade de luz que a Terra reflete muda ao longo de dias ou décadas, haverá uma influência nas mudanças climáticas, porque deixará entrar mais ou menos energia do sol", disse Pallé à BBC Mundo.
"O que está claro é que o albedo sempre foi considerado nos estudos climáticos como algo constante, mas não é. E temos que continuar medindo porque afetará muito a nossa capacidade de prever as mudanças climáticas entre agora e 20, 30 ou 50 anos ", acrescentou o cientista.

sexta-feira, 8 de outubro de 2021

Em decisão histórica, OMS libera vacinação ampla contra malária em regiões com alta transmissão

Link para texto completo: https://g1.globo.com/saude/noticia/2021/10/06/em-decisao-historica-oms-indica-vacinacao-ampla-contra-malaria-em-regioes-com-alta-transmissao.ghtml

Resumo: Em decisão histórica, a OMS recomendou nesta quarta-feira (06.10.2021) a vacinação ampla de crianças contra a malária para populações em regiões com altas taxas de transmissão, como a África Subsaariana.
A indicação foi feita depois da análise dos resultados de um programa piloto que ainda está em andamento em Gana, Quênia e Malaui. Ao todo, o estudo atingiu mais de 800 mil crianças desde 2019 e vai continuar em execução para avaliar o impacto da medida. Mais de 2 milhões de doses de um total de 10 milhões previstos no programa de testes já foram aplicadas.
De acordo com a OMS, a vacina é resultado de 30 anos de pesquisa e desenvolvimento da GSK com apoio de entidades e centros de pesquisa africanos. No estágio final das pesquisas, entre 2011 e 2015, os estudos tiveram financiamento da Fundação Bill & Melinda Gates.
A OMS avalia que a vacina teve "alto impacto" na vida real, com redução significativa (30%) nos casos de malária grave e mortal.
De acordo com a OMS, a malária é a principal causa de adoecimento e morte de crianças na África Subsaariana: mais de 260 mil crianças africanas com menos de cinco anos morrem de malária anualmente.

sexta-feira, 1 de outubro de 2021

Estudo encontra vírus semelhantes ao da Covid e sugere origem natural da doença

Link para texto completo: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/estudo-encontra-virus-semelhantes-ao-da-covid-e-sugere-origem-natural-da-doenca/

Resumo: Cientistas descobriram três vírus em morcegos no Laos que são mais semelhantes ao SARS-CoV-2 do que qualquer vírus conhecido.
Os pesquisadores dizem que partes de seu código genético reforçam as afirmações de que o vírus da COVID-19 tem uma origem natural, o que refutaria a suspeita de que o novo coronavírus foi criado em laboratório.
Por outro lado, a descoberta também aumenta o temor de que existam outros vários coronavírus com potencial para infectar pessoas.
Para se chegar a essa descoberta, Marc Eloit, virologista do Instituto Pasteur em Paris e seus colegas na França e no Laos, coletaram amostras de saliva, fezes e urina de 645 morcegos em cavernas no norte do país asiático.
Em três espécies de morcegos ferradura (Rhinolophus), eles encontraram vírus que são mais de 95% idênticos ao SARS-CoV-2, que eles chamaram de BANAL-52, BANAL-103 e BANAL-236.
Os resultados do estudo, ainda não revisado por pares, foram publicados na Research Square.