sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Pela primeira vez, cientistas chineses clonam macacos com mesma técnica da ovelha Dolly

Trechos: Estudo quebra barreira que permitiria clonar humanos, mas cientistas dizem que não têm essa intenção.

Cientistas chineses clonaram macacos usando a mesma técnica que produziu a ovelha Dolly há duas décadas, quebrando uma barreira técnica que pode, futuramente, abrir a porta para clonagem de humanos - embora eles garantam que esta não é sua intenção.

Zhong Zhong e Huahua, dois macacos-cinomolgos idênticos, nasceram oito e seis semanas atrás, virando os dois primeiro primatas - ordem dos mamíferos que inclui macacos, símios e humanos - a serem clonados de uma célula não-embrionária.
A clonagem foi feita através de um processo chamado transferência nuclear de células somáticas (TNCS), que envolve a transferência do núcleo de uma célula, que inclui seu DNA, para um óvulo que teve seu núcleo removido.
Pesquisadores do Instituto de Neurociência da Academia Chinesa de Ciências, em Xangai, disseram que o projeto pode ser uma vantagem para pesquisas médicas ao tornar possível o estudo de doenças em populações de macacos geneticamente uniformes.

Mas isto também gera a viabilidade de clonagem de nossa própria espécie. "Humanos são primatas. Então, para a clonagem de espécies primatas, incluindo humanos, a barreira técnica agora está quebrada", disse Muming Poo, que ajudou a supervisionar o programa no instituto, a repórteres, em teleconferência. "A razão pela qual quebramos esta barreira é para produzir animais modelos que são úteis para a medicina, para a vida humana. Não há intenção de aplicar este método a humanos."

Animais idênticos geneticamente são úteis em pesquisas porque fatores de confusão causados por variabilidade genética em animais não clonados podem complicar experimentos. Eles podem ser usados para testar novos medicamentos para uma série de doenças antes de uso clínico. Os dois macacos recém-nascidos estão sendo alimentados com mamadeiras e estão crescendo normalmente. Os pesquisadores disseram esperar que mais clones de macacos nasçam nos próximos meses.

Desde que Dolly – "garota-propaganda" da clonagem – nasceu na Escócia em 1996, cientistas conseguiram com sucesso usar TNCS para clonar mais de 20 outras espécies, incluindo vacas, porcos, cachorros, coelhos, ratos e camundongos. Experimentos similares em primatas, no entanto, sempre haviam falhado, fazendo com que alguns especialistas imaginassem que primatas eram resistentes.

A nova pesquisa, publicada nesta quarta-feira (24/01/18) no periódico "Cell", mostra que este não é o caso. A equipe chinesa teve sucesso, após muitas tentativas, ao usar moduladores para ligar e desligar certos genes que estavam inibindo desenvolvimento embrionário. Mesmo assim, a taxa de sucesso é extremamente baixa e as técnicas funcionaram somente quando núcleos foram transferidos de células fetais, em vez de adultas, como foi o caso de Dolly. No total, foram necessários 127 óvulos para produzir o nascimento de dois macacos vivos. "Isto continua um procedimento pouco eficiente e arriscado", disse Robin Lovell-Badge, especialista em clonagem do Instituto Francis Crick, em Londres, que não estava envolvido no projeto chinês.

"O projeto nesta publicação não é um trampolim para estabelecer métodos para obter o nascimento de clones humanos vivos. Isto claramente continua uma coisa muito tola de se tentar". A pesquisa destaca o crescente papel importante da China em pesquisas de ponta na biociência, onde cientistas às vezes ultrapassaram barreiras éticas.

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quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Homo sapiens deixou a África antes do que se pensava, indicam fósseis.

Trecho: Pesquisadores identificaram os restos dos primeiros humanos modernos conhecidos que deixaram a África. Os fósseis encontrados em Israel indicam que nossa espécie (Homo sapiens) deixou aquele continente aproximadamente 185 mil anos atrás, cerca de 80 mil anos antes do que se pensava. O estudo foi publicado esta semana na revista "Science".
Segundo a pesquisa, os humanos modernos podem ter interagido com outras espécies de seres humanos extintas há dezenas de milhares de anos. A conclusão do estudo também se encaixa com análises genéticas de vestígios que teriam sido deixados por nossa espécie em sua partida da África.
Os pesquisadores analisaram um fragmento de mandíbula com oito dentes, encontrado na caverna de Misliya, em Israel, em 2002. O maxilar seria de um humano moderno e não de uma de outras espécies de hominídeos existentes na época, segundo um exame de tomografia computadorizada, que construiu um modelo virtual 3D da amostra e a comparou com outras coletadas na África, Ásia e Europa.
Três laboratórios concluíram que as peças vistas pelos pesquisadores datavam de 177 mil a 194 mil anos atrás. Antes disso, a mais antiga evidência de homens modernos fora da África eram dos sítios arqueológicos de Skhul e Qafzeh, também em Israel, e que datavam entre 90 mil e 125 mil anos atrás.

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quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

O fruto amazônico que pode baratear e simplificar o tratamento da leishmaniose

Link para texto completo: www.bbc.com/portuguese/geral-42536385

Trecho: Um fruto amazônico amplamente utilizado como remédio caseiro pelas populações ribeirinhas da região pode ser a chave para ajudar a baratear e simplificar o tratamento da leishmaniose, doença que provoca ulcerações na pele e que atinge cerca de 3 mil pessoas ao ano no Brasil.
Um grupo de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) testa um creme fitoterápico à base do jucá (Libidibia ferrea) como terapia alternativa às dolorosas injeções do tratamento contra a leishmaniose do tipo tegumentar (LT).
Os testes iniciais com o creme, em roedores, foram animadores. Segundo os pesquisadores, os animais tratados com o preparado à base do jucá tiveram 25% de crescimento de lesões relacionadas à doença, em comparação ao aumento de 300% dos animais que não receberam nenhum tratamento.
O estudo, que começou no Laboratório de Leishmaniose e Doenças de Chagas do Inpa, tem o objetivo de desenvolver um medicamento eficaz, de uso tópico e com uma logística de distribuição simplificada para auxiliar os pacientes que moram em áreas de difícil acesso.
A ideia é que o creme feito com a planta possa ser associado à medicação recomendada pelo Ministério da Saúde e usada há mais de 50 anos, o glucantime, para agir como coadjuvante no tratamento da leishmaniose tegumentar.
O jucá, também conhecido como pau-ferro, é um velho conhecido dos ribeirinhos da região amazônica, muito utilizado por eles em forma de chá como remédio caseiro para diversas enfermidades.
Árvore nativa do Brasil, ele está amplamente presente nas regiões Norte e Nordeste. Tem propriedades antissépticas, antienvelhecimento, antioxidantes e antipigmentação. Também é usado como adstringente, antidiarreico, cicatrizante, sedativo, tônico, anti-inflamatório, expectorante e até mesmo afrodisíaco.

A leishmaniose é uma doença grave que pode ser causada por várias espécies de protozoários do gênero Leishmania e é transmitida ao homem pela picada do inseto flebótomo, popularmente chamado de "birigui", "mosquito-palha" ou "cangalhinha".
Nas áreas urbanas, os cachorros, gatos e ratos são as maiores fontes de infecção. Já nas zonas rurais os agentes transmissores são animais silvestres como raposas, gambás e tamanduás. Ao contrário do Aedes aegypti, que transmite a dengue, chikungunya e zika, não é fácil localizar os criadouros dos mosquitos flebótomos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 350 milhões de pessoas estejam expostas ao risco da leishmaniose no mundo, com registro aproximado de dois milhões de novos casos das diferentes formas clínicas ao ano no mundo.
Apesar de a infecção estar controlada no Brasil, estima-se que quase 3 mil pessoas são contaminadas todo ano.
Anteriormente restrita às áreas de floresta e zonas rurais, a doença tem avançado nas cidades, em função do desmatamento e da migração das famílias para os centros urbanos. As regiões Norte e Nordeste ainda são áreas de risco com maior número de registros da enfermidade.
Existem dois tipos de leishmaniose: a visceral (LV), conhecida como calazar, e a tegumentar (LT). Ambas são consideradas doenças infecciosas e são transmitidas por diferentes espécies de flebotomíneos (pequenos insetos) infectados pelo protozoário.
A LV é caracterizada, principalmente, por febre de longa duração, aumento do fígado e do baço, além de perda de peso acentuada, e pode levar a óbito em 90% dos casos se não for tratada adequadamente. Já a LT provoca úlceras na pele e mucosas.
Em uma década, o número de casos de LV no Brasil caiu apenas 8,5%, passando de 3.597 em 2005 para 3.289 em 2015. A redução da incidência da LT em dez anos foi mais expressiva, de 27%, de 26.685 para 19.395 casos no mesmo intervalo.
Em 2015, o Nordeste registrou o maior número de casos de LV (1.806), seguido pelas regiões Sudeste (538), Norte (469), Centro-Oeste (157) e Sul (5).
Em relação à LT, o Norte registrou o maior número de casos (8.939); seguido por Nordeste (5.152), Centro-Oeste (2.937), Sudeste (1.762) e Sul (493).
A OMS estima que entre 20 mil e 40 mil pessoas no mundo morrem, por ano, vítimas da doença. No Brasil, foram mais de 2,7 mil mortes entre 2000 e 2011. Os maiores índices de mortalidade foram registrados nos Estados do Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará, São Paulo, Bahia e Minas Gerais.
Os números melhores, no entanto, ainda não foram suficientes para tirar a leishmaniose da lista de doenças negligenciadas. Apesar do tratamento gratuito, a eliminação ou redução mais significativa de casos no país esbarra em gargalos. O diagnóstico é limitado. Tanto a população quanto os profissionais de saúde têm dificuldade em identificar os sintomas.