segunda-feira, 29 de agosto de 2022

Pesquisa da UFU revela eficácia das formigas para o controle de pragas em lavouras

Link para matéria completa: https://g1.globo.com/mg/triangulo-mineiro/noticia/2022/08/28/pesquisa-da-ufu-revela-eficacia-das-formigas-para-o-controle-de-pragas-em-lavouras.ghtml

Resumo: Um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) constatou que as formigas podem diminuir a abundância de alguns grupos de pragas e aumentar a produtividade das colheitas. A descoberta, publicada no jornal britânico The Guardian, indica que o uso desses animais nas lavouras pode ser mais eficaz que a aplicação de pesticidas.

A pesquisa foi liderada pelo aluno do Programa de Pós-Graduação em Ecologia, Conservação e Biodiversidade (PPGECO), Diego Anjos, com o apoio de professores da UFU e de universidades de São Paulo e do exterior. "Já estamos investigando as formigas como protetoras das plantas há um tempo. Porém, sempre em ambientes naturais. Como esses ambientes têm sido transformados em plantações, nosso estudo buscou sintetizar o papel das formigas em plantações”, explicou Anjos em entrevista ao portal Comunica UFU.


Para a pesquisa, foram analisadas 26 espécies de formigas. Segundo o pesquisador, embora as formigas também possam ter efeitos negativos, como a diminuição de inimigos naturais das pragas, os serviços e os benefícios delas superam os efeitos negativos, o que faz com que sejam uma solução mais sustentável do que o uso de pesticidas.

“Em geral, com um manejo adequado, as formigas podem ser úteis no controle de pragas e aumentar a produtividade das colheitas ao longo do tempo. Algumas espécies têm eficácia semelhante ou maior do que os pesticidas. Além disso, elas podem ser usadas juntamente com o manejo integrado de pragas: quando as formigas sozinhas não são suficientes”, complementou.

Ainda segundo o estudo, foi constatado que a proteção vegetal proporcionada pelas formigas é impulsionada mais nas agroflorestas do que nas monoculturas.

Com isso, essa técnica pode estimular os agricultores a utilizarem práticas mais sustentáveis, como o controle biológico, e práticas agroflorestais, como uma forma de promover naturalmente as formigas nos sistemas de cultivo. 

terça-feira, 9 de agosto de 2022

Buraco gigante no deserto do Chile não para de crescer e intriga cientistas

Link para matéria completa: https://www.em.com.br/app/noticia/ciencia/2022/08/09/interna_ciencia,1385521/buraco-gigante-no-deserto-do-chile-nao-para-de-crescer-e-intriga-cientistas.shtml

Resumo: Os moradores vizinhos não conseguiam acreditar no que estavam vendo em uma estrada em Tierra Amarilla, cidade de cerca de 15 mil habitantes na região do Atacama, no norte do Chile. Uma enorme cratera circular de 32 metros de largura e 64 metros de profundidade surgiu no meio de uma estrada que atravessa um terreno de propriedade de uma mineradora.

Uma semana depois, o buraco aumentou: seu diâmetro agora é de 36,5 metros, de acordo com as últimas medições de satélite.

Como surgiu

Geólogos consultados pela BBC News Mundo, serviço de notícias em espanhol da BBC, explicaram que há vários eventos naturais ou resultado da atividade humana que podem causar um sumidouro deste tipo. Mas consideraram principalmente dois: o primeiro estaria relacionado às chuvas intensas que caíram na região no mês de julho. "Você tem várias camadas no solo, e há várias maneiras pelas quais a água pode erodir", afirma o geofísico chileno Cristian Farías, diretor de construção civil e geologia da Universidade Católica de Temuco, no Chile.

Ele explicou que "quando cai muita água da chuva em solos com alto teor de gesso, a água percola e corrói toda a parte inferior por vários dias, o que tira a sustentabilidade da parte superior e acaba gerando um colapso".

A segunda hipótese aponta para a influência da atividade mineradora na área. A companhia de mineração Candelaria explora uma jazida de cobre em Tierra Amarilla, e as galerias de sua mina penetram no subsolo, tanto no entorno do buraco quanto abaixo dele a uma profundidade muito maior. "As informações preliminares que circulam apontam para a intervenção da mineradora que realizou uma exploração excessiva de minerais naquela área", afirma Cristóbal Muñoz, diretor da ONG informativa Red Geocientífica de Chile.

Ele destaca que a empresa "tinha uma projeção prevista para extrair 38 mil toneladas de minério, mas extraiu cerca de 138 mil toneladas, mais que o triplo" naquela jazida. A intervenção da mineração pode ter desestabilizado o solo, segundo ele, desviando as águas subterrâneas do seu curso natural e esvaziando os aquíferos, gerando espaços que favorecem o terreno a ceder e cair devido ao seu próprio peso, formando a cratera. A Candelaria reconhece, por sua vez, a superexploração de minerais, mas garante que foi totalmente legal. "Em relação à extração excessiva, isso foi informado pela própria empresa às autoridades", declarou o gerente de relações públicas da empresa, Edwin Hidalgo.

Uma fonte do setor explicou à BBC News Mundo que é comum que mineradoras de cobre extraiam mais material do que o estimado devido à detonação de explosivos, entre outros motivos. O representante da empresa alegou que é cedo para tirar conclusões e destacou que "estão sendo investigados os diferentes fatos que podem ter causado o sumidouro, entre os quais se destaca a precipitação registrada no mês de julho".

Os moradores de Tierra Amarilla organizaram um protesto no domingo, e o prefeito, Cristóbal Zúñiga, pediu à mineradora que assuma sua responsabilidade, embora não a tenha apontado diretamente como culpada, enquanto aguarda as conclusões da investigação.

A ministra de Minas do Chile, Marcela Hernando, prometeu, por sua vez, ir "até as últimas consequências" para punir os responsáveis uma vez que forem identificados.

Quanto mais o buraco vai aumentar

Os deslizamentos de terra nas paredes do sumidouro têm sido constantes nos últimos dias, a ponto de aumentar seu diâmetro em 450 cm até os atuais 36,5 metros. "Primeiro começou a alargar na parte de baixo; depois começou a criar uma forma assimétrica, e o que está em cima não tem suporte, então começa a cair e vai se alargando de forma lenta mas dramaticamente até chegar à forma de cilindro", observou Farías, autor do livro Volcanes y terremotos ("Vulcões e terremotos", em tradução literal).

Sendo assim, a previsão é de que o buraco continue a crescer pelo menos até que o diâmetro na superfície se iguale ao do fundo, que é de 48 metros.

Muñoz acredita, no entanto, que pode aumentar ainda mais se houver novas desestabilizações no terreno. "De qualquer forma, não poderia ser mais de 200 ou 300 metros, que é o que importa para nós, porque o povoado mais próximo fica a 600 metros", declarou. Ele não descartou, no entanto, que este fenômeno seja reproduzido em outras áreas da região. "As áreas que seriam mais suscetíveis à ocorrência de outros sumidouros também estão sendo estudadas", afirmou.

Não é a primeira vez que um fenômeno do tipo acontece em Tierra Amarilla. Em novembro de 2013, uma cratera de 20 metros de comprimento e 30 metros de largura com 30 metros de profundidade apareceu após o colapso de uma estrutura subterrânea de uma operação de mineração.

Por que é circular

Também chamou a atenção que a cratera forme um círculo quase perfeito. "A aparência redonda de tal buraco se deve à forma do colapso", afirmou Cristian Farías.


O geofísico explicou que o colapso "começa em um ponto e se vai se estendendo de forma simétrica, ou seja, para todos os lados, radialmente, e isso faz com que tudo que colapsa o faça em círculo e pare em algum momento, quando encontra estabilidade.

"Muitas estruturas de colapsos na natureza ocorrem dessa maneira. Quando os vulcões, por exemplo, desmoronam porque o edifício vulcânico cai devido ao seu próprio peso, ou porque havia fluidos que não estão mais lá, a estrutura que é gerada costuma ser bastante circular; às vezes, um pouco mais oval, mas mais frequentemente circular".

O que vai acontecer com a cratera

Ainda não se sabe também o que o futuro reserva para o inesperado sumidouro de Tierra Amarilla. O buraco será tapado ou ficará à mercê das intempéries? "A capacidade volumétrica que este sumidouro tem é bastante grande. Para ser honesto, não pode ser tapado facilmente, então uma solução seria cercar esse perímetro e colocar barreiras de segurança", avalia o diretor da Red Geocientífica de Chile.

Para Muñoz, é importante "garantir que as pessoas não se aproximem para tirar fotos", pois podem ocorrer acidentes. Ele afirmou ainda que, mesmo que se tentasse tapá-lo, poderia ser em vão devido à própria natureza do buraco. "Tem que pensar que parte da terra que caiu não está mais embaixo, porque tem um fluido que é a água. Quando caiu, foi como por um rio."

O gerente de relações públicas da mineradora assegurou, por sua vez, que grande parte dos sedimentos teria se acumulado no fundo do buraco, reduzindo sua profundidade de 64 para 62 metros, segundo suas últimas medições.

segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Cientistas restauram funções de células e órgãos em porcos mortos

Link para matéria completa: https://www.tecmundo.com.br/ciencia/242945-cientistas-restauram-funcoes-celulas-orgaos-porcos-mortos.htm

Resumo: Cientistas da Universidade Yale, nos Estados Unidos, descobriram uma maneira de atrasar a destruição permanente das células e órgãos que ocorre depois da morte. Para isso, eles usaram uma nova tecnologia, chamada OrganEx – um fluido protetor capaz de restaurar a circulação sanguínea e outras funções celulares uma hora após a morte, ao menos em porcos.

A expectativa é que as descobertas possam ajudar a estender a saúde dos órgãos humanos durante cirurgias e expandir a disponibilidade de órgãos para transplante, segundo os autores. A pesquisa foi publicada na revista Nature.

David Andrijevic, pesquisador de neurociência da escola de Medicina da Universidade Yale e autor principal do estudo, explicou, em uma publicação da instituição, que as células não morrem imediatamente, e sim após uma série mais prolongada de eventos. “É um processo no qual você pode intervir, parar e restaurar alguma função celular”, continuou o cientista.

No estudo, os pesquisadores aplicaram o fluido em um porco, via dispositivo de perfusão (mecanismo que bombeia sangue nos pulmões) – semelhante às máquinas coração-pulmão ECMO, que podem fazer o trabalho do coração e dos pulmões durante uma cirurgia –, após uma parada cardíaca induzida no animal anestesiado, por uma hora após a morte.

Seis horas após o tratamento, os cientistas descobriram que certas funções celulares essenciais ainda estavam ativas em muitas áreas do corpo dos porcos – inclusive no coração, fígado e rins – e que algumas funções dos órgãos haviam sido restauradas, inclusive atividade elétrica no coração, que manteve a capacidade de se contrair. A equipe também conseguiu restaurar a circulação sanguínea do animal.

“No microscópio, era difícil dizer a diferença entre um órgão saudável e um que havia sido tratado com a tecnologia OrganEx após a morte”, contou um dos pesquisadores.

Embora a atividade celular de algumas áreas do cérebro tenha sido restaurada, nenhuma atividade elétrica organizada que indicasse a consciência foi detectada durante qualquer parte do experimento.

Para a equipe, a nova tecnologia oferece várias aplicações potenciais, como prolongar a vida útil de órgãos em pacientes humanos e expandir a disponibilidade de órgãos de doadores para transplante, além de ajudar a tratar órgãos ou tecidos danificados por isquemia durante ataques cardíacos ou derrames.