sexta-feira, 15 de outubro de 2021

OMS dá prêmio póstumo a mulher negra que teve células cancerígenas retiradas do corpo sem consentimento

Link para texto completo: https://g1.globo.com/saude/noticia/2021/10/13/oms-da-premio-postumo-a-mulher-negra-que-teve-celulas-cancerigenas-retiradas-do-corpo-sem-consentimento.ghtml

Resumo: A Organização Mundial de Saúde homenageou nesta quarta-feira (13.10.2021), de forma póstuma, a mulher negra americana Henrietta Lacks com o Prêmio do Diretor-Geral da OMS. O prêmio reconheceu a contribuição e o legado de Lacks para a ciência e as injustiças raciais cometidas em nome da ciência contra pessoas negras, especialmente mulheres, no passado.
Lacks morreu em 1951, aos 31 anos, de câncer de colo de útero. Ao perceber os primeiros sintomas da doença e procurar atendimento médico, ela teve suas células cancerígenas retiradas para biópsia sem seu conhecimento nem consentimento. Elas acabaram possibilitando grandes avanços na ciência.
“Ao homenagear Henrietta Lacks, a OMS reconhece a importância de levar em conta as injustiças científicas do passado e promover a igualdade racial na saúde e na ciência”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, primeira pessoa negra e africana a ocupar a chefia da entidade.
“É também uma oportunidade de reconhecer mulheres – especialmente mulheres negras – que fizeram contribuições incríveis, mas muitas vezes invisíveis, para a ciência médica", completou Tedros.
A comunidade científica chegou a esconder a cor da pele de Henrietta Lacks e sua história real – "um erro histórico que o reconhecimento de hoje busca reparar", segundo comunicado de imprensa da OMS.
"O que aconteceu com Henrietta foi errado por pelo menos três razões. 
"Um: ela viveu em uma época em que a discriminação racial era legal em sua sociedade. A discriminação racial pode não ser mais legal na maioria dos países, mas ainda é generalizada em muitos países", disse Tedros ao entregar o prêmio.
"Dois: Henrietta Lacks foi explorada. Ela é uma das muitas mulheres negras cujos corpos foram mal utilizados pela ciência. Ela confiou no sistema de saúde para que pudesse receber tratamento. Mas o sistema roubou algo dela sem seu conhecimento ou consentimento", acrescentou o diretor.
"Três: as tecnologias médicas que foram desenvolvidas a partir dessa injustiça foram usadas para perpetuar mais injustiças, porque não foram compartilhadas de forma equitativa em todo o mundo. As células de Henrietta foram fundamentais no desenvolvimento de vacinas de HPV que podem eliminar o mesmo câncer que tirou sua vida. Mas em países com maior incidência de câncer cervical, essas vacinas não estão disponíveis em doses suficientes", concluiu.

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