quarta-feira, 28 de junho de 2023

Telescópio James Webb faz primeira detecção de “molécula da vida”.

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Resumo: Uma equipe de cientistas internacionais usou o Telescópio Espacial James Webb da Nasa para detectar um novo composto de carbono no espaço pela primeira vez.

Conhecida como cátion metil (CH), a molécula é importante porque auxilia na formação de moléculas mais complexas baseadas em carbono. O cátion metil foi detectado em um sistema estelar jovem, com um disco protoplanetário, conhecido como d203-506, localizado a cerca de 1.350 anos-luz de distância na Nebulosa de Orion.

Os compostos de carbono formam as bases de toda a vida conhecida e, como tal, são particularmente interessantes para os cientistas que trabalham para entender como a vida se desenvolveu na Terra e como ela poderia se desenvolver em outras partes do nosso universo. O estudo da química interestelar orgânica (contendo carbono), que Webb está abrindo de novas maneiras, é uma área de grande fascínio para muitos astrônomos.

As capacidades únicas do Webb o tornaram um observatório ideal para procurar por essa molécula crucial. A excelente resolução espacial e espectral de Webb, bem como sua sensibilidade, contribuíram para o sucesso da equipe. Em particular, a detecção de Webb de uma série de linhas de emissão chave do CH cimentou a descoberta.

“Essa detecção não apenas valida a incrível sensibilidade do Webb, mas também confirma a postulada importância central do CH na química interestelar”, disse Marie-Aline Martin-Drumel, da Universidade de Paris-Saclay, na França, membro da equipe científica.

Enquanto a estrela em d203-506 é uma pequena anã vermelha, o sistema é bombardeado por forte luz ultravioleta (UV) de estrelas quentes, jovens e massivas próximas. Os cientistas acreditam que a maioria dos discos de formação de planetas passa por um período de intensa radiação UV, uma vez que as estrelas tendem a se formar em grupos que geralmente incluem estrelas massivas produtoras de UV. Normalmente, espera-se que a radiação UV destrua moléculas orgânicas complexas, caso em que a descoberta de CH pode parecer uma surpresa.

No entanto, a equipe prevê que a radiação UV pode realmente fornecer a fonte de energia necessária para a formação do CH em primeiro lugar. Uma vez formado, promove reações químicas adicionais para construir moléculas de carbono mais complexas.

Em termos gerais, a equipe observa que as moléculas que eles veem em d203-506 são bem diferentes dos discos protoplanetários típicos. Em particular, eles não conseguiram detectar nenhum sinal de água. “Isso mostra claramente que a radiação ultravioleta pode mudar completamente a química de um disco protoplanetário. Na verdade, pode desempenhar um papel crítico nos primeiros estágios químicos das origens da vida”, elaborou Olivier Berné, do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica em Toulouse, principal autor do estudo.

Essas descobertas, que são do programa PDRs4ALL Early Release Science, foram publicadas na revista Nature.

O Telescópio Espacial James Webb é o principal observatório de ciência espacial do mundo. Webb resolverá mistérios em nosso sistema solar, olhará além para mundos distantes ao redor de outras estrelas e investigará as misteriosas estruturas e origens de nosso universo e nosso lugar nele. O Webb é um programa internacional liderado pela Nasa com seus parceiros, a ESA (Agência Espacial Europeia) e a Agência Espacial Canadense.


Observação: O grupo metil (CH) não é um grupo complexo. Na verdade é um dos grupos mais simples da química orgânica. Claro que qualquer descoberta de moléculas orgânicas ou radicais livres que possam colaborar para a dinâmica de reações na formação de moléculas mais complexas é importante, longe de mim querer desmerecer a descoberta. Quando vi o título pensei em moléculas intermediárias do metabolismo vital como um aminoácido mais complexo do que a glicina ou um par de bases nitrogenadas. E achei graça de no texto publicado haver uma chave de pronúncia em inglês para cátion, como se esse não fosse um termo conhecido desde o primeiro ano do ensino médio. Veja print abaixo:


Agradeço muito a divulgação científica que as grandes redes noticiosas tentam fazer. Mas acho que não podem se limitar a simples traduções de textos. Em verdadeira defesa da ciência, deveriam ter alguns colaboradores, de diversas áreas, para verificar melhor essas traduções e, às vezes, acrescentar algum grau de interpretação. Lugar de cientista também é na imprensa!

Ramon Lamar de Oliveira Junior

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