- Metanol (CH₃OH): É uma molécula simples e uma das mais abundantes na Via Láctea. O metanol é um precursor na formação de moléculas mais complexas, incluindo aminoácidos e açúcares.
- Formaldeído (H₂CO): O formaldeído é um composto químico importante na química pré-biótica e pode estar envolvido na formação de aminoácidos.
- Cianeto de hidrogênio (HCN): O HCN é uma molécula composta por carbono, nitrogênio e hidrogênio. É um precursor para a síntese de bases nitrogenadas, componentes dos ácidos nucleicos.
- Álcool etílico (etanol, C₂H₅OH): O etanol também foi detectado em nuvens moleculares na Via Láctea. É uma molécula que possui uma importância biológica significativa na Terra.
- Glicolaldeído (CH₂OHCHO): É uma molécula orgânica simples que desempenha um papel fundamental na formação de açúcares, incluindo a ribose, que é um componente dos ácidos nucleicos.
O que mais cai no ENEM? O que mais cai no Vestibular? O que vai cair esse ano? O objetivo principal deste blog é divulgar temas e notícias que possam ser aproveitados na tanto elaboração de questões de provas e de Concursos Vestibulares quanto do ENEM. Alunos, fiquem atentos! Bom proveito! Vestibulando, coloque nosso blog em "seus favoritos" e visite-nos sempre. O que mais cai em Biologia? O que mais cai em Química? Este blog faz parte do Multiverso de Ramon Lamar.
quinta-feira, 29 de junho de 2023
ChatGPT responde: Quais moléculas orgânicas de importância biológica já foram identificadas na Via Láctea?
quarta-feira, 28 de junho de 2023
Telescópio James Webb faz primeira detecção de “molécula da vida”.
Resumo: Uma equipe de cientistas internacionais usou o Telescópio Espacial James Webb da Nasa para detectar um novo composto de carbono no espaço pela primeira vez.
Conhecida como cátion metil (CH₃⁺), a molécula é importante porque auxilia na formação de moléculas mais complexas baseadas em carbono. O cátion metil foi detectado em um sistema estelar jovem, com um disco protoplanetário, conhecido como d203-506, localizado a cerca de 1.350 anos-luz de distância na Nebulosa de Orion.
Os compostos de carbono formam as bases de toda a vida conhecida e, como tal, são particularmente interessantes para os cientistas que trabalham para entender como a vida se desenvolveu na Terra e como ela poderia se desenvolver em outras partes do nosso universo. O estudo da química interestelar orgânica (contendo carbono), que Webb está abrindo de novas maneiras, é uma área de grande fascínio para muitos astrônomos.
As capacidades únicas do Webb o tornaram um observatório ideal para procurar por essa molécula crucial. A excelente resolução espacial e espectral de Webb, bem como sua sensibilidade, contribuíram para o sucesso da equipe. Em particular, a detecção de Webb de uma série de linhas de emissão chave do CH₃⁺ cimentou a descoberta.
“Essa detecção não apenas valida a incrível sensibilidade do Webb, mas também confirma a postulada importância central do CH₃⁺ na química interestelar”, disse Marie-Aline Martin-Drumel, da Universidade de Paris-Saclay, na França, membro da equipe científica.
Enquanto a estrela em d203-506 é uma pequena anã vermelha, o sistema é bombardeado por forte luz ultravioleta (UV) de estrelas quentes, jovens e massivas próximas. Os cientistas acreditam que a maioria dos discos de formação de planetas passa por um período de intensa radiação UV, uma vez que as estrelas tendem a se formar em grupos que geralmente incluem estrelas massivas produtoras de UV. Normalmente, espera-se que a radiação UV destrua moléculas orgânicas complexas, caso em que a descoberta de CH₃⁺ pode parecer uma surpresa.
No entanto, a equipe prevê que a radiação UV pode realmente fornecer a fonte de energia necessária para a formação do CH₃⁺ em primeiro lugar. Uma vez formado, promove reações químicas adicionais para construir moléculas de carbono mais complexas.
Em termos gerais, a equipe observa que as moléculas que eles veem em d203-506 são bem diferentes dos discos protoplanetários típicos. Em particular, eles não conseguiram detectar nenhum sinal de água. “Isso mostra claramente que a radiação ultravioleta pode mudar completamente a química de um disco protoplanetário. Na verdade, pode desempenhar um papel crítico nos primeiros estágios químicos das origens da vida”, elaborou Olivier Berné, do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica em Toulouse, principal autor do estudo.
Essas descobertas, que são do programa PDRs4ALL Early Release Science, foram publicadas na revista Nature.
O Telescópio Espacial James Webb é o principal observatório de ciência espacial do mundo. Webb resolverá mistérios em nosso sistema solar, olhará além para mundos distantes ao redor de outras estrelas e investigará as misteriosas estruturas e origens de nosso universo e nosso lugar nele. O Webb é um programa internacional liderado pela Nasa com seus parceiros, a ESA (Agência Espacial Europeia) e a Agência Espacial Canadense.
Observação: O grupo metil (CH₃⁺) não é um grupo complexo. Na verdade é um dos grupos mais simples da química orgânica. Claro que qualquer descoberta de moléculas orgânicas ou radicais livres que possam colaborar para a dinâmica de reações na formação de moléculas mais complexas é importante, longe de mim querer desmerecer a descoberta. Quando vi o título pensei em moléculas intermediárias do metabolismo vital como um aminoácido mais complexo do que a glicina ou um par de bases nitrogenadas. E achei graça de no texto publicado haver uma chave de pronúncia em inglês para cátion, como se esse não fosse um termo conhecido desde o primeiro ano do ensino médio. Veja print abaixo:
Ramon Lamar de Oliveira Junior
terça-feira, 27 de junho de 2023
Das rochas ao mercado de baterias: conheça todo o potencial do lítio brasileiro!
Link para matéria completa: https://g1.globo.com/especial-publicitario/vale-do-litio-em-mg/noticia/2023/06/26/das-rochas-ao-mercado-de-baterias-conheca-todo-o-potencial-do-litio-brasileiro.ghtml
Resumo: Com a maior reserva comprovada do mineral no Brasil, Minas Gerais está à frente de uma revolução na extração e comercialização de um dos metais mais valorizados do mundo.
Um metal de coloração branco-prateada, denominado lítio, é responsável por muitas facilidades do nosso dia a dia, como o funcionamento de um notebook, um smartphone, uma câmera fotográfica e, até mesmo, de um veículo elétrico.
Mas, antes de virar um componente de uma bateria – que liga, por exemplo, nossos dispositivos portáteis – o lítio é o responsável por provocar uma revolução: está impulsionando localidades do Norte e Nordeste de Minas Gerais e inserindo o estado no mapa internacional da cadeia do metal altamente especializado, usado por setores como tecnologia da informação, automotivo e de energias renováveis.
Uma nova realidade para região
É no Vale do Jequitinhonha e na região Norte do estado que se encontra a maior reserva comprovada de lítio do Brasil, de acordo com a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM).
Com essa descoberta e a chegada de empresas para a extração do mineral e comercialização para todo o mundo, os municípios de Araçuaí, Capelinha, Coronel Murta, Itaobim, Itinga, Malacacheta, Medina, Minas Novas, Pedra Azul, Rubelita, Salinas, Teófilo Otoni, Turmalina e Virgem da Lapa, vivem uma nova fase e podem virar um vale da tecnologia com foco na produção de baterias.
Coordenado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede) do Governo de Minas Gerais, o projeto econômico-social Vale do Lítio (Lithium Valley Brazil) prevê uma transformação da realidade local, levando toda cadeia produtiva do lítio para essas regiões.
Além da extração, graças aos cerca de 45 depósitos, segundo estudos realizados pelo Serviço Geológico do Brasil, o projeto construído por meio da Agência de Promoção de Investimento e Comércio Exterior de Minas Gerais (Invest Minas) viabiliza a instalação de empresas para fabricar as baterias que vão abastecer mercados em todo o mundo.
Utilizado em diversas aplicações, de medicamento para estabilizar o humor até a composição de baterias de longa duração, o lítio também tem papel fundamental na transição energética, porque proporciona boa parte do armazenamento da energia nas baterias dos carros elétricos, essenciais para um futuro sustentável da indústria automobilística – que caminha para a substituição dos veículos movidos por combustíveis fósseis.
Benefícios da cadeia mineira do lítio
Para entender melhor todo o potencial do lítio brasileiro e seus diferenciais, listamos abaixo alguns benefícios da produção no Vale do Jequitinhonha e na região Norte de Minas Gerais. Confira:
● O lítio encontrado lá é de alta pureza, com grande potencial no mercado de baterias mais potentes.
● Tem muito valor. Em seu estado bruto, o metal é cotado em até US$ 70 a tonelada, podendo chegar a até US$ 6 mil a tonelada quando processado.
● É mais sustentável, extraído da rocha com uso de menos água que o modelo tradicional e com baixa emissão de CO2.
● Utiliza fonte de energia hidroelétrica da região, gerando menos custos e o consumo de energia limpa em toda produção.
● A região está localizada em rotas de escoamento, com proximidade a aeroportos e portos.
● Conta com a infraestrutura das cidades do entorno e com o conhecimento dos campi universitários.
● A existência de 45 jazidas, com grande potencial econômico, pode aumentar em 20 vezes as reservas comprovadas do mineral na região, garantindo o fornecimento da matéria-prima por um longo prazo.
● A consolidação do Vale do Lítio aumenta a geração de empregos, o PIB local e transforma, direta ou indiretamente, o panorama socioeconômico de mais de 980 mil habitantes em 55 municípios.
A partir de um decreto federal de julho de 2022, os investimentos para extração do lítio no Vale do Jequitinhonha e na região Norte do estado foram facilitados e o comércio exterior de minerais e minérios de lítio e de seus derivados ganharam força.
Já há três companhias atuando na região e, até o fim de 2023, o governo estadual prevê que novos projetos de investimento serão formalizados com empresas estrangeiras.
Observação: Matéria feita pelo Governo de Minas Gerais
segunda-feira, 26 de junho de 2023
Pinguim-de-magalhães desidratado e com ferimentos é resgatado em praia no litoral de SP
Link para texto completo: https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2023/06/26/pinguim-de-magalhaes-desidratado-e-com-ferimentos-e-resgatado-em-praia-no-litoral-de-sp.ghtml
Resumo: Um pinguim-de-magalhães (Spheniscus magellanicus) foi resgatado na faixa de areia em Praia Grande, no litoral de São Paulo. Segundo apurado, o pinguim estava com ferimentos na cabeça e em uma das patas. Ele foi encaminhado para tratamento no Instituto Gremar.
Instituto Biopesca, responsável pelo monitoramento de praias na região, disse que foi acionado por banhistas que passavam pelo local, no último sábado (24/06/23). A ave foi carregada pelas ondas e, por conta dos machucados, não conseguiu nadar.
Após o resgate, o animal foi levado para o Instituto Gremar. A ave está no Centro de Reabilitação e Despetrolização de Animais Marinhos, em Guarujá, onde passou por atendimento veterinário.
Segundo o Instituto Gremar, a equipe constatou que o animal estava magro, desidratado e com hipoglicemia. Além disso, apresentava uma ferida na região da pata e uma profunda na região da cabeça, que foi higienizada e realizada sutura. O animal está sendo mantido em ambiente controlado e recebendo tratamento veterinário e já apresenta evolução clínica.
De acordo com o Instituto Gremar, os pinguins-de-magalhães são uma espécie migratória e extremamente social, portanto para que haja uma soltura de sucesso é essencial que os animais sejam reintegrados à natureza em grupos pois com um maior número de indivíduos saudáveis, maior a chance de sobrevivência do bando e que eles obtenham sucesso neste processo de migração.
O Instituto ressaltou que, durante o inverno do hemisfério sul, os pinguins-de-magalhães migram de suas colônias reprodutivas no sul da Argentina, Patagônia, Chile e Ilhas Malvinas até o litoral brasileiro, em busca de alimento.
domingo, 25 de junho de 2023
Cientistas criam embrião humano 'sintético' sem usar espermatozoide nem óvulo
Link para matéria completa: https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2023/06/cientistas-criam-embriao-humano-sintetico-sem-usar-espermatozoide-nem-ovulo.shtml?
Resumo: Em uma semana movimentada no universo da genética, pelo menos três times diferentes de cientistas anunciaram o desenvolvimento de modelos de embriões humanos "sintéticos" em laboratório. O material foi cultivado por meio da reprogramação de células-troncos, sem a necessidade de utilização de óvulos ou espermatozoides.
Dois grupos afirmam ter conseguido avançar com o crescimento até o que seria equivalente aos 14 dias de um embrião natural, enquanto um terceiro atingiu estágios semelhantes aos vistos na quarta semana pós-fecundação.
A principal aplicação para esse tipo de pesquisa é o estudo e compreensão de doenças e outras condições durante os estágios iniciais do desenvolvimento embrionário. Problemas genéticos ou mesmo abortos espontâneos de repetição poderiam ser investigados com recurso a esse método.
Embora os cientistas enfatizem que o material criado agora em laboratório não poderia ser utilizado para gerar uma vida, as descobertas já provocam controvérsia quanto aos aspectos éticos desse tipo de trabalho.
Até agora, porém, os detalhes sobre o andamento dos trabalhos estão limitados às informações fornecidas pelos próprios autores da pesquisa. As experiências ainda não foram publicadas em revistas científicas nem passaram pela revisão por pares, uma etapa essencial para a verificação das informações e checagem de eventuais inconsistências.
O primeiro anúncio a ganhar atenção mundial foi do grupo liderado pela professora Magdalena Żernicka-Goetz, vinculada à Universidade de Cambridge (Reino Unido) e ao Instituto de Tecnologia da Califórnia (EUA), durante a reunião anual da Sociedade Internacional para a Pesquisa em Células-Tronco, realizada na semana passada em Boston, nos Estados Unidos.
As estruturas do modelo foram criadas a partir de células-tronco embrionárias, que atingiram o princípio da chamada fase de gastrulação, quando começa a diferenciação das células para a formação das diferentes linhagens que formam o corpo humano.
Neste ponto de desenvolvimento, o embrião ainda não tem órgãos ou batimentos cardíacos, mas, de acordo com a pesquisadora, o modelo já tinha a presença de células precursoras de óvulo e espermatozoide.
Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, Żernicka-Goetz disse que o feito é inédito. "É lindo e criado inteiramente a partir de células-tronco embrionárias."
No dia seguinte à palestra, a pesquisadora divulgou uma versão de pré-publicação do trabalho em uma plataforma especializada.
Na mesma data, o principal "rival" acadêmico do grupo na corrida pelo desenvolvimento embrionário, um time liderado por Jacob Hanna, do Instituto de Ciência Weizmann, de Israel, também apresentou um artigo de pré-publicação afirmando ter atingido resultados semelhantes. O trabalho dos israelenses utilizou métodos similares aos descritos pelo time liderado por Żernicka-Goetz.
Em artigos anteriores, ambos os grupos já haviam utilizado técnicas semelhantes para estimular células-troncos de camundongos para a formação de estruturas similares a embriões, inclusive com batimentos cardíacos.
Ainda durante a reunião anual da Sociedade Internacional para a Pesquisa em Células-Tronco, um terceiro grupo, comandado por Jitesh Neupane, do Instituto Gurdon da Universidade de Cambridge, afirmou que conseguiu ir além dos demais pesquisadores, criando um modelo de embrião humano replicando parte do estágio da terceira ou quarta semana de gestação.
O material foi cultivado a partir de células-tronco embrionárias e, posteriormente, transferido para um recipiente rotativo que serviu como uma espécie de útero artificial.
As estruturas foram deliberadamente alteradas para não terem os tecidos que compõem o saco vitelino e a placenta dos embriões naturais, o que de início já inviabiliza seu desenvolvimento até um feto. Ainda assim, a descrição apresentada por Neupane indica que o grupo conseguiu chegar ao ponto de identificar batimentos cardíacos e traços de sangue vermelho.
"Gostaria de enfatizar que não são embriões nem estamos tentando fazer embriões, na verdade", disse Jitesh Neupane, citado pelo Guardian. "São apenas modelos que podem ser usados para analisar aspectos específicos do desenvolvimento humano."
Como a pesquisa com embriões humanos acima de 14 dias de desenvolvimento é vetada na maioria dos países —inclusive no Brasil—, os trabalhos têm gerado críticas sobre o cumprimento das regulações.
"Para mim, a grande novidade desses estudos é que eles conseguiram cultivar as células em laboratório por muito mais tempo sem útero", avalia a diretora do Centro de Estudos do Genoma Humano e Células-Tronco da USP, Mayana Zatz.
A geneticista destacou também o que considera alguns pontos fracos das pesquisas, enfatizando as limitações para qualquer avaliação, uma vez que os trabalhos ainda não foram publicados em revistas científicas.
A especialista critica a própria decisão de afirmar que se trata de modelos de embriões sintéticos. "É problemático falar que são sintéticos, porque são cultivados a partir de células-tronco embrionárias", enfatizou Zatz. Especialistas de vários países têm feito ressalvas similares.
"Você tem uma primeira célula que se forma através da união do óvulo com o espermatozoide. Essa célula começa a se dividir e, até um estágio de 8 a 16 células, elas são chamadas de células-tronco embrionárias. Pelo que eu entendi, eles pegaram uma dessas células embrionárias e cultivaram em laboratório. Logo isso começou de algo que já foi fecundado, bem no início da embriogênese", afirmou.
Giuliana Miranda
sábado, 24 de junho de 2023
ChatGPT responde: O que é a técnica CAR-T
quinta-feira, 15 de junho de 2023
Cientistas criam primeiro embrião humano sintético usando células-tronco
Link para matéria completa: https://canaltech.com.br/ciencia/cientistas-criam-1o-embriao-humano-sintetico-usando-celulas-tronco-252872/
Resumo: Em um extraordinário avanço científico, pesquisadores conseguiram criar embriões humanos sintéticos utilizando células-tronco, dispensando o uso de óvulos ou espermatozoides. Lembrando os embriões nos primeiros estágios de desenvolvimento natural, estas versões artificiais poderão permitir estudos inéditos acerca de distúrbios genéticos e causas biológicas de aborto espontâneo recorrente, por exemplo. Alguns cientistas citam planos de usar os embriões sintéticos para doação de órgãos.
O trabalho, realizado por cientistas da Universidade de Cambridge e do Instituto de Tecnologia da Califórnia, também acaba levantando questões éticas e legais, já que as entidades laboratoriais ficam de fora da legislação atual da maioria dos países, como o Reino Unido, onde a pesquisa foi realizada. As estruturas não possuem um coração pulsante ou sequer o início de um cérebro, mas há, nelas, células que normalmente formarão a placenta, como o saco vitelino e o próprio embrião.
Em uma conferência na última quarta-feira (14/6/2023), a pesquisadora Magdalena Żernicka-Goetz descreveu como o trabalho foi feito. Não há, ainda, previsão de uso clínico para os embriões sintéticos, e seria ilegal implantá-los no útero de qualquer paciente. Os cientistas também não sabem se as estruturas têm o potencial de continuar amadurecendo para além dos primeiros estágios de desenvolvimento embrionário.
Uma das motivações dos cientistas é estudar o período conhecido como “caixa preta” do desenvolvimento humano, chamado assim por ser permitido o cultivo de embriões em laboratório pelo limite de 14 dias. Os próximos estágios possíveis são estudados apenas em imagens de tomografia e ressonância em grávidas e embriões doados para pesquisa, muito mais à frente no desenvolvimento.
Modelar esse desenvolvimento com células-tronco poderia permitir estudar esse período crítico do nosso crescimento, sem usar embriões “reais” na pesquisa.
Em investigações anteriores, tanto a equipe de Żernicka-Goetz quanto outra rival, no Instituto Weizmann, em Israel, conseguiram fazer células-tronco de camundongos se reorganizar para criar estruturas semelhantes a embriões, chegando até a desenvolver trato intestinal, o início de um cérebro e de um coração pulsante. Isso desencadeou uma corrida para repetir o feito com células humanas, o que se mostrou ser possível na mais recente pesquisa.
Pesquisas com embriões de camundongos, como o aqui representado, foram pioneiras no desenvolvimento de embriões sintéticos a partir de células-tronco: a ciência tem avançado mais rápido do que a legislação, nesse caso.
Um estudo detalhando a novidade ainda está para ser publicado, mas os cientistas já descreveram ter cultivado os embriões para um estágio pouco além do equivalente a 14 dias de desenvolvimento para um embrião natural.
Cada modelo estrutural, criado a partir de uma célula-tronco embrionária única, chegou ao início de um marco chamado de gastrulação, quando o embrião passa de uma folha de células para a formação de linhas celulares distintas, formando os eixos básicos do corpo. Embora os órgãos não tenham iniciado o desenvolvimento nesse estágio, já podem ser vistas células primordiais, as precursoras dos óvulos e espermatozoides.
Questões legais
O trabalho deixa claro que a ciência tem corrido, ao menos neste campo, mais rápido que a legislação. Cientistas de todo o mundo já buscam traçar orientações voluntárias para governar o trabalho sobre os embriões sintéticos — se a intenção é, afinal de contas, criar modelos iguais aos de embriões normais, então eles deveriam ser tratados de maneira semelhante, segundo especialistas. Na legislação atual, eles não são, e isso gera preocupações.
A legislação ainda é confusa quando falamos sobre embriões sintéticos — se eles são como os naturais, porque não tratá-los assim perante a lei?
Um dos principais questionamentos — e que ainda não tem resposta — é se as estruturas poderiam, teoricamente, se tornar um ser vivo. Os embriões de camundongo, por exemplo, apesar de ser quase idênticos a embriões naturais, não se tornaram seres vivos ao serem implantados em úteros de fêmeas.
Em abril, pesquisadores implantaram embriões sintéticos de símios no útero de fêmeas adultas, na China, mostrando os primeiros sinais de gravidez, mas não passando dos primeiros dias. Não sabemos, ainda, se a barreira para o desenvolvimento é técnica ou biológica. Esse desconhecimento, segundo os cientistas, coloca mais pressão ainda para legislação restrita em pesquisas como essas.
sábado, 10 de junho de 2023
Cientistas criam moléculas artificiais que se comportam como as reais
Link para matéria completa: https://canaltech.com.br/saude/cientistas-criam-moleculas-artificiais-que-se-comportam-como-reais-252378/
Resumo: Em estudo publicado na revista Science Daily na última quinta-feira (8/6/2023), cientistas desenvolveram moléculas artificiais que se comportam como as moléculas orgânicas reais. Conforme os próprios autores do artigo ressaltam, a descoberta tem potencial para desencadear impactos positivos em todos os campos científicos.
Os cientistas contam que o projeto começou quando surgiu a ideia maluca de construir um simulador quântico. Para criar moléculas artificiais que se assemelhassem a moléculas reais, o grupo desenvolveu um sistema para capturar elétrons: "Os elétrons cercam uma molécula como uma nuvem, e usamos esses elétrons aprisionados para construir uma molécula artificial", diz o estudo.
Segundo os pesquisadores, a dificuldade está em entender como certas as moléculas reagem e como mudam. "Queríamos simular moléculas, para que pudéssemos ter os recursos necessários para dobrá-las e ajustá-las de maneiras quase impossíveis com moléculas reais. Dessa forma, podemos dizer algo sobre moléculas reais sem ter que lidar com os desafios que elas apresentam", justificam os pesquisadores.
Através desse simulador, os pesquisadores criaram uma versão artificial de uma das moléculas orgânicas básicas da química: o benzeno. Trata-se do componente inicial de uma grande quantidade de produtos químicos.
Ao usar o simulador, os cientistas podem entender muito melhor as moléculas e suas reações. "Ao fazer uma versão simulada, podemos procurar novas propriedades e funcionalidades de certas moléculas e avaliar se valerá a pena fazer o material real”, explicam.
Em um futuro distante, a expectativa é que a técnica ajude a entender reações químicas passo a passo, ou fazer dispositivos eletrônicos artificiais de uma única molécula. De qualquer maneira, os próprios autores reconhecem que é um longo caminho a percorrer. "Agora podemos começar a entender as moléculas de uma forma que nunca fizemos antes", concluem.
O que é uma molécula?
Uma molécula é uma substância composta por átomos unidos entre si por meio de ligações químicas. Trata-se da estrutura fundamental formada pela combinação de dois ou mais átomos — que, por sua vez, representam a menor unidade fundamental de um elemento químico que mantém as propriedades desse elemento. É a partícula básica que compõe toda a matéria.
Em estudos anteriores, cientistas descobriram uma molécula que combate mais de 300 tipos de bactérias resistentes. A molécula em questão se chama fabimicina, e ela supera as barreiras ao passar pela camada externa da célula e ainda consegue evitar a eliminação de muitas bactérias saudáveis.
Em março, pela primeira vez, cientistas conseguiram formar moléculas sem aplicar energia, apenas contando com as propriedades estranhas da mecânica quântica.