sábado, 22 de junho de 2019

Projeto simula clima da Amazônia em 2100 e futuro de peixes, plantas e insetos

Resumo: Peixes que precisam comer mais para manter sua taxa de crescimento e outros que correm risco de extinção, mosquitos que se reproduzem mais rapidamente e plantas que capturam menos dióxido de carbono (CO2).
Esses são alguns dos resultados do projeto Adaptações da Biota Aquática da Amazônia (Adapta), do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (Inpa), que criou microcosmos em quatro salas com 25 metros cúbicos simulando as condições climáticas do ano de 2100 seguindo as previsões do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) para temperatura, concentração de CO2 e umidade relativa do ar.
Essas previsões do IPCC antecipam um aumento nas temperaturas de 1,5°C a 7°C em algumas regiões amazônicas durante o século 21.
São mudanças que podem interromper os padrões atuais de distribuição de organismos, como peixes, mosquitos e plantas. Foi para tentar prever como isso poderá ocorrer com algumas espécies que foram criados os microcosmos do projeto Adapta.
A primeira sala serve de controle e reproduz o clima atual da Floresta Amazônica. "A segunda simula o ambiente brando do IPCC, com uma concentração de 250 partes por milhão (ppm) de CO2 mais alta que a de hoje e 1ºC mais quente", explica o pesquisador Alberto Luís Val, do Inpa, coordenador do projeto.
"Na sala 3 (intermediária) há mais CO2 e mais 2,5°C de temperatura. Por fim, na quarta, o ambiente é drástico, com 850 ppm de dióxido de carbono acima dos níveis atuais e de 4°C a 4,5°C mais quente. Em todas, a umidade relativa do ar é mantida entre 80% e 90%."
Nas simulações, esses dados (temperatura, CO2 e umidade) são coletados em tempo real por sensores em uma torre instalada em uma reserva florestal próxima ao Inpa, em Manaus. Eles são enviados, a cada dois minutos, para os computadores do instituto, que acionam máquinas em cada microcosmo para simular as condições climáticas previstas para 2100.
Nas salas, existem aquários com peixes, gaiolas com mosquitos transmissores de doenças, como malária e dengue, por exemplo, e plantas que permanecem no ambiente por períodos variáveis, podendo chegar a seis meses, dependendo do experimento.

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