sábado, 22 de dezembro de 2018

Rio: 20 mil toneladas de peixes mortos são retiradas da Lagoa Rodrigo de Freitas

Link para o texto completo: https://ultimosegundo.ig.com.br/ciencia/meioambiente/2018-12-21/lagoa-rodrigo-de-freitas-peixes-mortos-sao-retirados.html

Resumo: A grande quantidade de peixes mortos boiando chamou a atenção de quem estava passando pelo local. Para tentar melhorar a qualidade da água, a Prefeitura do Rio, que está monitorado a situação, abriu as comportas d’água da Lagoa Rodrigo de Freitas .
De acordo com o biólogo Mario Moscatelli, que estuda as lagoas do Rio, as mortes dos peixes podem ter sido causadas por um conjunto de fatores, mas o forte calor na cidade foi um importante contribuinte para a tragédia ambiental .
Moscatelli relatou que os peixes mortos na lagoa pareciam que estavam em “banho-maria”. “A água estava quente, extremamente quente, e água quente não é muito bom, porque ela reduz a concentração de oxigênio”, explicou. Além disso, o lançamento de esgoto no rio e o assoreamento do canal do Jardim de Alah impede que aconteça a troca de água.
Segundo o último boletim de gestão ambiental da Lagoa Rodrigo de Freitas , o nível de oxigênio no local é crítico, chegando a quase zero.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Estudo de químicos de Harvard ajuda a explicar a origem da vida

Link para matéria completa: https://exame.com/ciencia/estudo-de-quimicos-de-harvard-ajuda-a-explicar-a-origem-da-vida/

Resumo: Ainda falta muito para a ciência entender, de fato, como se originou a vida no planeta Terra. Em se tratando de algo tão importante, cada passo dado em direção a uma descoberta concreta é relevante. No último mês de outubro, químicos da Universidade de Harvard publicaram um artigo em que dizem estar mais próximos de saber de onde viemos.

No campo científico, várias teorias já foram elaboradas para explicar como a vida surgiu. A mais popular é conhecida como hipótese do Mundo de RNA, que afirma que, em um certo momento, os elementos químicos se combinaram para formar filamentos de RNA, que se replicaram e foram se tornando mais complexos até formarem a primeira membrana celular.

A ambição dos químicos que estudam a área é conseguir replicar as quatro bases nitrogenadas que compõem o RNA - adenina, guanina, citosina e uracila - em condições semelhante às do planeta há quatro bilhões de anos. Segundo os pesquisadores de Harvard, um progresso considerável já foi feito com a síntese de citosina e uracila, como informa o site de divulgação científica IFLScience.

Porém, adenina e guanina apresentam uma complexidade maior para serem produzidas, o que cria uma lacuna na teoria adotada até agora. Para explicar o surgimento do RNA, os cientistas partiram para a hipótese de que as formas originais de RNA não eram compostas pelas quatro bases, tendo começado com algo mais simples.

Estudo sugere participação de uma molécula mais simples

As moléculas usadas no estudo pertencem a uma classe chamada 8-oxo-purinas, semelhantes às encontradas no RNA, mas mais fáceis de serem produzidas. Assim, uma molécula chamada inosina serviu como substituta da guanosina (um composto de guanina), comportando-se bem quanto à capacidade de replicar o RNA com a precisão necessária.

Os pesquisadores informam no estudo que ainda não conseguiram produzir a inosina de maneira não-biológica, o que poderia nos tornar ainda mais próximos de uma versão definitiva para a origem da vida. Mesmo assim, os resultados são animadores para a comunidade científica. O próximo passo é investigar a formação da adenina, tida como um meio possível de origem da inosina.

segunda-feira, 2 de julho de 2018

No Brasil, áreas com mais picadas de cobra têm acesso difícil a soro


Trecho: O antídoto para veneno de cobras produzido no Brasil, distribuído por órgãos do Ministério da Saúde, é líquido e precisa ser preservado em baixas temperaturas. Em todas as áreas onde não há energia elétrica para manter um refrigerador, o soro antiofídico não está disponível. 
E esse é o caso da maioria das comunidades amazônicas, onde ocorrem 35% de todos os chamados acidentes ofídicos, as picadas de cobra. Outros países da região, como Colômbia, México e Costa Rica, produzem soro em pó, que o Brasil não importa. 
O problema não acomete só índios e nem é exclusividade brasileira. No ano passado, a Organização Mundial de Saúde declarou as picadas de cobra doença tropical negligenciada, definição para problemas sanitários que poderiam ser resolvidos, mas que não recebem a atenção devida.
A resolução da OMS, ratificada pela Assembleia Mundial de Saúde no último dia 24 de maio, em Genebra (Suíça), teve apoio do governo brasileiro que, no entanto, é acusado internamente de negligenciar o tratamento do problema. 
As estatísticas oficiais apontam que, a cada ano, 30 mil brasileiros são vítimas de picadas de cobra, 10,5 mil na Amazônia. Das vítimas, cerca de 2 mil têm reações graves e 300 morrem. A pequena proporção de óbitos esconde um elevado número de amputações e paralisias provocadas pelo envenenamento, frequentemente pela dificuldade para administrar o soro. 
No mundo, são 2,5 milhões de casos anuais de envenenamentos por mordidas de serpentes, que causam 125 mil mortes e deixam outras 400 mil pessoas com sequelas físicas ou psicológicas, informou à Folha o pesquisador José María Gutierrez, representante da Costa Rica que foi um dos principais responsáveis pelos documentos que levaram à resolução da OMS. (...)
O soro antiofídico disponibilizado no Brasil pelo Programa Nacional de Imunização (PNI) do Ministério da Saúde é comprado de três laboratórios públicos, sendo o maior deles o paulista Butantan, responsável por metade da produção nacional. O Instituto Vital Brazil (Niterói, RI) e a Fundação Ezequiel Dias (Belo Horizonte, MG) são responsáveis pelos outros 50%. 


sexta-feira, 20 de abril de 2018

A enzima comedora de plástico que pode revolucionar processo de reciclagem

Link para texto completo: www.bbc.com/portuguese/geral-43804460

Trecho: Cientistas britânicos aperfeiçoaram uma enzima natural que pode digerir alguns dos plásticos mais poluentes do mundo. O tipo PET, mais comum em garrafas plásticas, leva centenas de anos para se decompor no meio ambiente. A enzima modificada, conhecida como PETase, pode começar a desintegrar o mesmo material em apenas alguns dias. 
Isso poderia revolucionar o processo de reciclagem, permitindo que os plásticos sejam reutilizados de forma mais eficaz. O Reino Unido usa cerca de 13 bilhões de garrafas plásticas por ano, das quais três bilhões não são recicladas.
Originalmente descoberta no Japão, a enzima é produzida por uma bactéria que "come" o PET. A Ideonella sakaiensis usa o plástico como sua principal fonte de energia.Pesquisadores relataram em 2016 que encontraram a cepa vivendo em sedimentos em um local de reciclagem de garrafas na cidade portuária de Sakai, no sul do Japão.
“O PET passou a existir em grandes quantidades nos últimos 50 anos, então não se trata de uma escala de tempo muito longa para uma bactéria evoluir para comer algo criado pelo homem”, diz o professor John McGeehan, da Universidade de Portsmouth, no Reino Unido, que participou do estudo.
Poliésteres, o grupo de plásticos a que o PET (também chamado polietileno tereftalato) pertence, existem na natureza. "Eles protegem as folhas das plantas", explica McGeehan. "As bactérias estão evoluindo há milhões de anos para comê-los".

sábado, 14 de abril de 2018

Pesquisadores da UFMG descobrem o maior vírus do mundo

Link para notícia completa: www.g1.globo.com/mg/minas-gerais/noticia/pesquisadores-da-ufmg-descobrem-o-maior-virus-do-mundo.ghtml

Trecho da notícia e comentários em vermelho: O maior vírus do mundo foi descoberto por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Chamado de tupanvirus, ele não faz mal a seres humanos e pode, no futuro, ajudar a diagnosticar várias doenças.
Amostras de sedimentos da Bacia de Campos, no Rio de Janeiro e de lagoas salinas no Pantanal, em Mato Grosso do Sul, foram analisadas em laboratório. “A gente nunca imaginava que pudesse ser tão diferente, que pudesse ser tão grandioso o vírus que a gente conseguiu isolar. Então, assim, foi sensacional ver pela primeira vez aquele vírus todo diferente, com uma cauda, que nunca tinha sido descrito, daquele tamanho”, disse a pesquisadora Thalita Arantes.
Os supervírus são os maiores já encontrados no planeta. São dois muito semelhantes e que parecem microfones peludos. A descoberta foi publicada na revista científica britânica Nature Communications. “Quando nós fizemos o sequenciamento completo, nós percebemos que, além da estrutura, que já era fantástica, o genoma era fantástico. Codificava genes (proteínas, né?) nunca vistos antes no planeta. E cerca de 30% dos genes eram completamente novos”, disse o professor Jônatas Abrahão, professor pesquisador da UFMG.
Segundo os pesquisadores, os novos vírus chegam a ser 50 vezes maiores que os comuns. Os da dengue, zika e febre amarela são pequenininhos como uma cabeça de alfinete (Péssima frase. Os vírus são muito muito muito menores que uma cabeça de alfinete. Só são visíveis ao Microscópio Eletrônico.). Depois de três anos de estudo, a equipe descobriu que esses gigantes têm carga genética complexa, o que é de grande interesse científico (Carga genética é um termo incorreto. O correto seria dizer informação ou conteúdo genético. Carga genética se refere ao conjunto de genes "ruins" ou deletérios presentes em um organismo.).
Os supervírus são capazes de produzir proteínas, elementos biológicos bastante usados na identificação de doenças. (Ops... capazes de produzir proteínas durante o ato de parasitismo, né? Usando a maquinaria de síntese da célula hospedeira. Se produz proteína sozinho, então não seria um vírus.) Esse é o próximo passo da pesquisa do tupan.
“A produção de proteínas é importante pra uma série de testes de diagnóstico pra doenças infecciosas. Então, alguns testes por exemplo pra detecção de anticorpos em pacientes que já tiveram dengue, já tiveram zika ou até mesmo febre amarela muitos são baseados na presença de proteínas”, explicou o professor Jônatas Abrahão.
Os pesquisadores alertam que ninguém precisa ter medo do vírus gigante. Já está comprovado que ele não infecta seres humanos, e é uma grande conquista para a ciência.



TEXTO DO LINK ACIMA (Texto bom para uma prova da Faculdade de Ciências Médicas, por exemplo.)

These Viruses Found in Brazil Are So Huge They're Challenging What We Think a 'Virus' Is
This could change everything.

main article image

Scientists have discovered two new kinds of virus in Brazil that display such size and genetic complexity we may need to rethink exactly what viruses are, scientists say.
The two new strains – dubbed Tupanvirus, after the Brazilian thunder god Tupã in Guaraní mythology – are as prodigious as their namesake, and while they're not a threat to humans, their existence further challenges the scientific boundaries that define what a virus is.
Tupanvirus soda lake and Tupanvirus deep ocean, both named in relation to the extreme aquatic habitats in which they were discovered, aren't just among the largest viruses ever found – they also contain the most protein-making machinery of any virus discovered to date.
The strains, whose optically visible tailed forms can reach lengths of up to 2.3 micrometres, comprise some 1.5 million base pairs of DNA, with enough protein-coding genes to produce up to 1,425 kinds of proteins.
In terms of protein synthesis, this gives them the "largest translational apparatus within the known virosphere", explains a research team led by virologist Bernard La Scola from Aix-Marseille University in France.
This apparatus puts Tupanvirus in the virus family of Mimiviridae, named after Mimivirus, which was identified in 2003 - at the time it was the virus with the largest capsid diameter ever discovered, among other notable attributes.
Before Mimivirus, viruses were largely considered wholly separate from 'living' creatures, with their inability to synthesise proteins (and thus produce their own energy) being one of the reasons scientists excluded them from being classified among cellular life.
But Mimivirus's genetic complexity – and that of other giant viruses that have subsequently been discovered – challenges this theoretical boundary, because they carry genes capable of things like DNA repair, DNA replication, transcription, and translation.
"With the discovery of superviruses, we have seen that these genes may be present in viral genomes," one of the team behind the Tupanvirus study, Jônatas Abrahão, told Brazilian newspaper Estadão in Portuguese.
"This characteristic changes the notion we have of the distinction between viruses and organisms formed by cells."
And the more we learn about giant viruses, the more we learn what they're capable of.
The Tupanvirus strains don't just hold a (nearly) complete set of genes necessary for protein production – about 30 percent of their genome is unknown to science, being as yet undiscovered within the domains of archea, bacteria, and eukarya.
Obviously, there's still a lot to learn about Tupanvirus and giant viruses in general, but the good news is, this new entity – whatever it exactly should be classified as – is no threat to humans, only amoebae.
But if you're an amoeba, we have bad news.
"Like other giant viruses that have been discovered in the past, Tupanvirus infects amoebae," Abrahão says.
"The difference is that it is much more generalist: unlike the others, it is capable of infecting different types of amoebae."
The findings are reported in Nature Communications.

sexta-feira, 13 de abril de 2018

Mais de 300 pessoas morreram por febre amarela, diz Ministério da Saúde

Link para matéria completa: http://saude.ig.com.br/2018-04-13/febre-amarela-mortes-brasil.html

Trecho da matéria: 

Último relatório informado pela pasta aponta que desde julho de 2017 foram confirmados 1.127 casos da doença e 331 mortes; vacina é maneira mais eficaz de proteger população contra a doença, ressalta Ministério da Saúde.

Cobertura da vacina contra febre amarela está abaixo do esperado, 
que é de 95%, na Bahia, São Paulo e Rio de Janeiro.

Desde o dia 1º de julho de 2017 até 10 de abril de 2018, o Ministério da Saúde contabilizou 331 mortes por febre amarela. Até o momento, foram 1.127 casos da doença confirmados, com 1.119 casos ainda sendo investigados.
Em comparação com o mesmo período do ano passado, foram 712 casos da doença e 228 óbitos registrados por conta da febre amarela . O que significa um aumento de 58% na incidência da infecção.
Em resposta a essa alta, o Ministério ressalta que “o vírus hoje circula em regiões metropolitanas do país com maior contingente populacional, atingindo 35,6 milhões de pessoas que moram, inclusive, em áreas que nunca tiveram recomendação de vacina . Na sazonalidade passada, por exemplo, o surto atingiu uma população de 11,2 milhões de pessoas”.
Para proteger a população, a pasta reforça que a única maneira de garantir a segurança de todos é por meio da vacina. Postos de vacinação estão à disposição para garantir a imunização nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia.
Entre os estados com maior número de casos, Minas Gerais segue em primeiro lugar, com 480 confirmações da condição. Logo depois vem São Paulo, com 453 casos e, em seguida, Rio de Janeiro com 187 casos.

Campanha de vacinação
Segundo o boletim epidemiológico publicado nesta quarta-feira (11), que traz as informações enviadas pelos gestores locais, os três estados ainda estão com a cobertura bem abaixo da meta, que é 95%.
A cobertura da campanha em curso no Rio de Janeiro está com 40,9%, a Bahia está com 55% e São Paulo com 52,4% da população-alvo vacinada. A vacina está disponível nos postos de saúde. O período de alta da doença segue até maio. Ao todo, a campanha nesses estados busca imunizar 23,8 milhões de pessoas.
As informações competem às 77 cidades que fizeram parte da campanha com estratégia de fracionamento e a ampliação para mais 52 municípios de São Paulo. Esses municípios devem continuar vacinando a população com a dose fracionada, que garante a mesma proteção da dose padrão, e ampliar a cobertura vacinal para prevenir novos casos da febre amarela no país, conforme informou o governo.
A expectativa é que, até 2019, todo o território brasileiro seja considerado área de recomendação para vacinação. A ampliação foi anunciada pelo Ministério da Saúde em março deste ano e deverá acontecer gradualmente até abril do ano que vem.
A medida é preventiva e tem como objetivo antecipar a proteção contra a  febre amarela  para toda população, em caso de um aumento na área de circulação do vírus. Atualmente, alguns estados do Nordeste e parte do Sul e Sudeste não fazem parte das áreas de recomendação de vacina.

quinta-feira, 29 de março de 2018

Interstício, o 'novo órgão' do corpo humano que a ciência acaba de descobrir

Link para matéria completa: www.g1.globo.com/bemestar/noticia/intersticio-o-novo-orgao-do-corpo-humano-que-a-ciencia-acaba-de-descobrir.ghtml

Trecho da matéria: Ele sempre esteve ali, mas foi apenas por meio de uma tecnologia mais avançada que os cientistas finalmente puderam identificá-lo: um espaço repleto de cavidades preenchidas por líquido, presente entre os tecidos do nosso corpo – por isso, chamado de intersticial (entre tecidos). Um grupo de especialistas o classifica como um novo órgão do corpo humano, "uma nova expansão e especificação do conceito de interstício humano".
Paradoxalmente, apesar de ter sido descoberto apenas agora, o interstício pode ser nada menos do que um dos maiores órgãos do corpo humano, assim como a pele. Os cientistas afirmam que essa rede de cavidades de colágeno e elastina, cheia de líquido, reuniria mais de um quinto de todo o fluído do organismo.
A descoberta foi feita por uma equipe de patologistas da Escola de Medicina da Universidade de Nova York (NYU), Estados Unidos. Os resultados foram publicados na revista "Scientific Reports".
Antes, se acreditava que essas camadas intersticiais do corpo humano fossem formadas por um tecido conjuntivo denso e sólido. Mas, na realidade, elas estão interconectadas entre si, através de compartimentos cheios de líquidos.
Estes tecidos ficam localizados debaixo da pele, recobrem o tubo digestivo, os pulmões e o sistema urinário, rodeiam as artérias, veias e fáscia (estrutura fibrosa onde se fixam músculos). Ou seja, são uma estrutura que se estende por todo o corpo.
Os pesquisadores acreditam que esta estrutura anatômica pode ser importante para explicar a metástase do câncer, o edema, a fibrose e o funcionamento mecânico de tecidos e órgãos do corpo humano.

As partes em azul escuro são feixes de colágeno fibrilar. Na imagem à direita, as fibras de elastina são as manchas pretas; as estruturas de colágeno estão em rosa (Foto:  Jill Gregory/Mount Sinai Health System)
A camada de cima é a mucosa; as partes rosas são as estruturas de colágeno que criam as cavidades cheias de fluído (representado pela cor lilás) (Foto: Jill Gregory/Mount Sinai Health System)

Como não havia sido descoberto até agora?
Essas estruturas não são visíveis com nenhum dos métodos padrões de visualização da anatomia humana. Agora, os cientistas puderam identificar esse novo "órgão" graças aos avanços tecnológicos da endomicroscopia ao vivo, que mostra em tempo real a histologia e estrutura dos tecidos.
A camada de cima é a mucosa; as partes rosas são as estruturas de colágeno que criam as cavidades cheias de fluído (representado pela cor lilás) (Foto: Jill Gregory/Mount Sinai Health System)
De qualquer forma, a descoberta foi uma surpresa.
A equipe de investigadores fez, em 2015, uma operação com endomicroscopia a laser – uma tecnologia chamada Confocal Laser Endomicroscopy (pCLE) – para examinar o conduto biliar de um paciente com câncer. Depois de uma injeção de uma substância corante chamada fluoresceína, foi possível ver "um padrão reticular com seios (ocos) cheios de fluoresceína, que não tinham nenhuma correlação anatômica".
Em seguida, os cientistas tentaram examinar mais detalhadamente essa estrutura. Para isso, usaram placas microscópicas de biópsia habitual. Porém, as estruturas haviam desaparecido.
Depois de fazer vários testes, Neil Theise, coautor do estudo, se deu conta de que o processo convencional de fixação de amostras de tecidos em placas drenava o fluído presente na estrutura. Normalmente, os cientistas tratam as amostras com produtos químicos, as cortam em uma camada muito fina e aplicam tinta para realçar suas características chave. Porém, esse procedimento faz colapsar a rede de compartimentos, antes cheios de líquidos. É como se os pisos de um edifício desmoronassem.
Por isso, "durante décadas, a estrutura pareceu como algo sólido nas placas de biópsia", disse Theise, que faz parte do departamento de patologia da Universidade de Nova York.
Ao mudar a técnica de fazer a biópsia, sua equipe conseguiu preservar a anatomia da estrutura, "demonstrando que ela forma parte da submucosa e que é um espaço interticial cheio de fluído não observado anteriormente". Assim, foram identificadas "tiras largas e escuras ramificadas, rodeadas de espaços grandes e poligonais cheios de fluoresceína", descreve o estudo.
Os cientistas confirmaram a existência dessa estrutura em outros 12 pacientes operados.

Qual é sua função?
Até agora a ciência não estudou profundamente nem o fluxo nem o volume do fluído intersticial do corpo humano. Por enquanto, a identificação desse "espaço intersticial" levanta várias hipóteses.
Os especialistas acreditam que essa rede de espaços interconectados, forte e elástica, pode atuar como um amortecedor para evitar que os tecidos do corpo se rasguem com o funcionamento diário – que faz com que os órgãos, músculos e vasos sanguíneos se contraiam e se expandam constantemente.
Além disso, acreditam que essa rede de cavidades é como uma pista expressa para os fluídos. Isso poderia embasar a hipótese de que o câncer, ao atingir o espaço intersticial, possa se expandir pelo corpo muito rapidamente. É a chamada metástase.
Por outro lado, os autores do estudo acreditam que as células que formam o interstício mudam com a idade, podendo contribuir com o enrugamento da pele e com o endurecimento das extremidades, assim como a progressão de doenças fibróticas, escleroides e inflamatórias.

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

Pela primeira vez, cientistas chineses clonam macacos com mesma técnica da ovelha Dolly

Trechos: Estudo quebra barreira que permitiria clonar humanos, mas cientistas dizem que não têm essa intenção.

Cientistas chineses clonaram macacos usando a mesma técnica que produziu a ovelha Dolly há duas décadas, quebrando uma barreira técnica que pode, futuramente, abrir a porta para clonagem de humanos - embora eles garantam que esta não é sua intenção.

Zhong Zhong e Huahua, dois macacos-cinomolgos idênticos, nasceram oito e seis semanas atrás, virando os dois primeiro primatas - ordem dos mamíferos que inclui macacos, símios e humanos - a serem clonados de uma célula não-embrionária.
A clonagem foi feita através de um processo chamado transferência nuclear de células somáticas (TNCS), que envolve a transferência do núcleo de uma célula, que inclui seu DNA, para um óvulo que teve seu núcleo removido.
Pesquisadores do Instituto de Neurociência da Academia Chinesa de Ciências, em Xangai, disseram que o projeto pode ser uma vantagem para pesquisas médicas ao tornar possível o estudo de doenças em populações de macacos geneticamente uniformes.

Mas isto também gera a viabilidade de clonagem de nossa própria espécie. "Humanos são primatas. Então, para a clonagem de espécies primatas, incluindo humanos, a barreira técnica agora está quebrada", disse Muming Poo, que ajudou a supervisionar o programa no instituto, a repórteres, em teleconferência. "A razão pela qual quebramos esta barreira é para produzir animais modelos que são úteis para a medicina, para a vida humana. Não há intenção de aplicar este método a humanos."

Animais idênticos geneticamente são úteis em pesquisas porque fatores de confusão causados por variabilidade genética em animais não clonados podem complicar experimentos. Eles podem ser usados para testar novos medicamentos para uma série de doenças antes de uso clínico. Os dois macacos recém-nascidos estão sendo alimentados com mamadeiras e estão crescendo normalmente. Os pesquisadores disseram esperar que mais clones de macacos nasçam nos próximos meses.

Desde que Dolly – "garota-propaganda" da clonagem – nasceu na Escócia em 1996, cientistas conseguiram com sucesso usar TNCS para clonar mais de 20 outras espécies, incluindo vacas, porcos, cachorros, coelhos, ratos e camundongos. Experimentos similares em primatas, no entanto, sempre haviam falhado, fazendo com que alguns especialistas imaginassem que primatas eram resistentes.

A nova pesquisa, publicada nesta quarta-feira (24/01/18) no periódico "Cell", mostra que este não é o caso. A equipe chinesa teve sucesso, após muitas tentativas, ao usar moduladores para ligar e desligar certos genes que estavam inibindo desenvolvimento embrionário. Mesmo assim, a taxa de sucesso é extremamente baixa e as técnicas funcionaram somente quando núcleos foram transferidos de células fetais, em vez de adultas, como foi o caso de Dolly. No total, foram necessários 127 óvulos para produzir o nascimento de dois macacos vivos. "Isto continua um procedimento pouco eficiente e arriscado", disse Robin Lovell-Badge, especialista em clonagem do Instituto Francis Crick, em Londres, que não estava envolvido no projeto chinês.

"O projeto nesta publicação não é um trampolim para estabelecer métodos para obter o nascimento de clones humanos vivos. Isto claramente continua uma coisa muito tola de se tentar". A pesquisa destaca o crescente papel importante da China em pesquisas de ponta na biociência, onde cientistas às vezes ultrapassaram barreiras éticas.

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quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Homo sapiens deixou a África antes do que se pensava, indicam fósseis.

Trecho: Pesquisadores identificaram os restos dos primeiros humanos modernos conhecidos que deixaram a África. Os fósseis encontrados em Israel indicam que nossa espécie (Homo sapiens) deixou aquele continente aproximadamente 185 mil anos atrás, cerca de 80 mil anos antes do que se pensava. O estudo foi publicado esta semana na revista "Science".
Segundo a pesquisa, os humanos modernos podem ter interagido com outras espécies de seres humanos extintas há dezenas de milhares de anos. A conclusão do estudo também se encaixa com análises genéticas de vestígios que teriam sido deixados por nossa espécie em sua partida da África.
Os pesquisadores analisaram um fragmento de mandíbula com oito dentes, encontrado na caverna de Misliya, em Israel, em 2002. O maxilar seria de um humano moderno e não de uma de outras espécies de hominídeos existentes na época, segundo um exame de tomografia computadorizada, que construiu um modelo virtual 3D da amostra e a comparou com outras coletadas na África, Ásia e Europa.
Três laboratórios concluíram que as peças vistas pelos pesquisadores datavam de 177 mil a 194 mil anos atrás. Antes disso, a mais antiga evidência de homens modernos fora da África eram dos sítios arqueológicos de Skhul e Qafzeh, também em Israel, e que datavam entre 90 mil e 125 mil anos atrás.

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quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

O fruto amazônico que pode baratear e simplificar o tratamento da leishmaniose

Link para texto completo: www.bbc.com/portuguese/geral-42536385

Trecho: Um fruto amazônico amplamente utilizado como remédio caseiro pelas populações ribeirinhas da região pode ser a chave para ajudar a baratear e simplificar o tratamento da leishmaniose, doença que provoca ulcerações na pele e que atinge cerca de 3 mil pessoas ao ano no Brasil.
Um grupo de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) testa um creme fitoterápico à base do jucá (Libidibia ferrea) como terapia alternativa às dolorosas injeções do tratamento contra a leishmaniose do tipo tegumentar (LT).
Os testes iniciais com o creme, em roedores, foram animadores. Segundo os pesquisadores, os animais tratados com o preparado à base do jucá tiveram 25% de crescimento de lesões relacionadas à doença, em comparação ao aumento de 300% dos animais que não receberam nenhum tratamento.
O estudo, que começou no Laboratório de Leishmaniose e Doenças de Chagas do Inpa, tem o objetivo de desenvolver um medicamento eficaz, de uso tópico e com uma logística de distribuição simplificada para auxiliar os pacientes que moram em áreas de difícil acesso.
A ideia é que o creme feito com a planta possa ser associado à medicação recomendada pelo Ministério da Saúde e usada há mais de 50 anos, o glucantime, para agir como coadjuvante no tratamento da leishmaniose tegumentar.
O jucá, também conhecido como pau-ferro, é um velho conhecido dos ribeirinhos da região amazônica, muito utilizado por eles em forma de chá como remédio caseiro para diversas enfermidades.
Árvore nativa do Brasil, ele está amplamente presente nas regiões Norte e Nordeste. Tem propriedades antissépticas, antienvelhecimento, antioxidantes e antipigmentação. Também é usado como adstringente, antidiarreico, cicatrizante, sedativo, tônico, anti-inflamatório, expectorante e até mesmo afrodisíaco.

A leishmaniose é uma doença grave que pode ser causada por várias espécies de protozoários do gênero Leishmania e é transmitida ao homem pela picada do inseto flebótomo, popularmente chamado de "birigui", "mosquito-palha" ou "cangalhinha".
Nas áreas urbanas, os cachorros, gatos e ratos são as maiores fontes de infecção. Já nas zonas rurais os agentes transmissores são animais silvestres como raposas, gambás e tamanduás. Ao contrário do Aedes aegypti, que transmite a dengue, chikungunya e zika, não é fácil localizar os criadouros dos mosquitos flebótomos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 350 milhões de pessoas estejam expostas ao risco da leishmaniose no mundo, com registro aproximado de dois milhões de novos casos das diferentes formas clínicas ao ano no mundo.
Apesar de a infecção estar controlada no Brasil, estima-se que quase 3 mil pessoas são contaminadas todo ano.
Anteriormente restrita às áreas de floresta e zonas rurais, a doença tem avançado nas cidades, em função do desmatamento e da migração das famílias para os centros urbanos. As regiões Norte e Nordeste ainda são áreas de risco com maior número de registros da enfermidade.
Existem dois tipos de leishmaniose: a visceral (LV), conhecida como calazar, e a tegumentar (LT). Ambas são consideradas doenças infecciosas e são transmitidas por diferentes espécies de flebotomíneos (pequenos insetos) infectados pelo protozoário.
A LV é caracterizada, principalmente, por febre de longa duração, aumento do fígado e do baço, além de perda de peso acentuada, e pode levar a óbito em 90% dos casos se não for tratada adequadamente. Já a LT provoca úlceras na pele e mucosas.
Em uma década, o número de casos de LV no Brasil caiu apenas 8,5%, passando de 3.597 em 2005 para 3.289 em 2015. A redução da incidência da LT em dez anos foi mais expressiva, de 27%, de 26.685 para 19.395 casos no mesmo intervalo.
Em 2015, o Nordeste registrou o maior número de casos de LV (1.806), seguido pelas regiões Sudeste (538), Norte (469), Centro-Oeste (157) e Sul (5).
Em relação à LT, o Norte registrou o maior número de casos (8.939); seguido por Nordeste (5.152), Centro-Oeste (2.937), Sudeste (1.762) e Sul (493).
A OMS estima que entre 20 mil e 40 mil pessoas no mundo morrem, por ano, vítimas da doença. No Brasil, foram mais de 2,7 mil mortes entre 2000 e 2011. Os maiores índices de mortalidade foram registrados nos Estados do Pará, Tocantins, Maranhão, Piauí, Ceará, São Paulo, Bahia e Minas Gerais.
Os números melhores, no entanto, ainda não foram suficientes para tirar a leishmaniose da lista de doenças negligenciadas. Apesar do tratamento gratuito, a eliminação ou redução mais significativa de casos no país esbarra em gargalos. O diagnóstico é limitado. Tanto a população quanto os profissionais de saúde têm dificuldade em identificar os sintomas.