segunda-feira, 23 de outubro de 2023

CONTROLE BIOLÓGICO DE PRAGAS: Piaba vira arma secreta no combate à dengue

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https://www.em.com.br/app/noticia/agropecuario/2023/10/23/interna_agropecuario,1580432/piaba-vira-arma-secreta-no-combate-a-dengue.shtml

Resumo: Colocados em reservatórios usados pelos moradores da localidade, são os responsáveis pelo controle biológico do transmissor da dengue, da zika, da chikungunya e da febre amarela, já que eles se alimentam das larvas depositadas na água pelo vetor dos vírus.

A ação é uma parceria da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) com o setor de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde de Três Marias. Liderando os trabalhos na unidade da Codevasf no município, Julimar Santos, chefe do Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura, conta que, além do atendimento à comunidade, as cidades de Curvelo e Felixlândia manifestaram recentemente interesse pela utilização da piaba para eliminar larvas que dão origem aos mosquitos que disseminam doenças. Os pedidos, no entanto, ainda estão em análise.

Em Andrequicé, o índice de eliminação das larvas dos mosquitos já chega a 96,4% nos reservatórios residenciais onde os peixes são colocados, segundo dados da Codevasf. Consequentemente, isso gerou drástica redução nas notificações de dengue na comunidade nos últimos anos.

A guerreira

A espécie Astyanax bimaculatus, popularmente conhecida como piaba do rabo amarelo, é nativa da América do Sul, muito comum em córregos, riachos, rios, lagoas e reservatórios de todo o Brasil. Apresenta pequeno porte e pode chegar a 13 cm de comprimento. São onívoras e se alimentam de frutos, vegetais, invertebrados aquáticos, ovos, larvas de mosquitos e de outros peixes e outras matérias orgânicas.

“Antes de 2018, Andrequicé era o distrito do município que estava entre aqueles com mais casos da doença. Os reservatórios nas casas, em sua maioria tambores, ficavam expostos a céu aberto, sem qualquer proteção, o que facilitava a contaminação ao se tornarem criadouros do mosquito”, explica Julimar, que também é técnico em agropecuária.

Reservatórios de água

Por meio do programa, os moradores locais vêm recebendo de um a dois exemplares da piaba para serem inseridos nos reservatórios de água usados para garantir o suprimento da família, relacionado ao consumo humano, cultivo agrícola e à higiene e limpeza.

Durante a visita de entrega, há orientações sobre a manutenção dos peixes. Entre elas estão não oferecer a eles ração ou outros alimentos; colocá-los momentaneamente em outro recipiente durante a limpeza do reservatório; e, no caso de morte, fazer a comunicação para que seja providenciada a reposição.

As piabas são produzidas nos tanques e viveiros do Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Três Marias. Após período de aclimatação em tanques circulares de metal, elas são preparadas para transporte, distribuição, acondicionadas em sacos plásticos contendo água e injeção de oxigênio. Tudo isso, conforme Julimar, resulta em um processo de baixo custo com alta performance na eliminação de focos do mosquito.

“Essa espécie se reproduz naturalmente em nosso sistema, e nos dedicamos à produção, geralmente, de outubro a dezembro. Às vezes, seguimos até janeiro. No restante do ano, a gente trabalha com os alevinos (peixes recém-eclodidos dos ovos) para estimular o crescimento deles e, deste modo, estarem aptos à soltura em vários reservatórios, rios e córregos, que são afluentes da bacia ou de microbacias pertencentes à grande bacia do Rio São Francisco. A liberação dos peixes acontece entre março e abril e, depois, de outubro a novembro”, completa.

Técnica é usada em outros estados

A técnica de combate à dengue com o uso de peixes também é empregada em outras regiões do país. O pesquisador da Embrapa Cocais (MA) Luiz Carlos Guilherme iniciou o Projeto Dengoso na Universidade Federal de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, em 2001, enquanto cursava seu doutorado.

Seu projeto tem como objetivo principal o combate à larva do Aedes aegypti por meio do controle biológico usando o peixe da família Poecilidae, conhecido por barrigudinho, lebiste, guaru ou guppy. A iniciativa segue em curso em Uberlândia, em lagoas de tratamento e estabilização de efluentes de algumas indústrias, além de outros pontos suscetíveis à reprodução do mosquito.

Reconhecimento e premiação

Em 2009, o projeto foi implementado no município de Parnaíba, no Piauí. A ação também está presente em Campo Maior, no mesmo estado, além de Tobias Barreto, em Sergipe. Em 2013, a iniciativa foi premiada pela Fundação Banco do Brasil, em decorrência da eficiência na eliminação dos criadouros.

No ano seguinte, a ação passou a ser coordenada pela professora Alessandra Ribeiro Torres, da Universidade Estadual do Piauí (UESPI), em parceria com a Embrapa Meio-Norte, quando o pesquisador Luiz Carlos estava lotado na unidade. À época, o Centro de Controle de Zoonoses de Parnaíba foi aprovado. A produção do peixe e sua distribuição para utilização em focos do mosquito da dengue, tais como recipientes de grande porte (cacimbões, bebedouros de animais, piscinas desativadas, cascatas e outros ambientes semelhantes), além de terrenos alagados, ganharam mais fôlego.

Segundo dados da Embrapa, o uso de peixes como estratégia de combate aos mosquitos tem se mostrado eficaz. Em Uberlândia, por exemplo, o número de casos de dengue na população passou de 9,5 mil, em 2006, para 50 até abril de 2008. As autoridades sanitárias, nesse período, deixaram de aplicar quase 30 toneladas de pesticidas no município para combate ao Aedes aegypti.

domingo, 22 de outubro de 2023

ChatGPT sugere leituras e outras ações para produzir uma boa #Redação no #Enem.

Preparar-se para a redação do ENEM requer uma base sólida de conhecimento, compreensão de diversos tópicos e habilidades de escrita. Aqui estão algumas sugestões de leituras que podem ser interessantes para quem vai fazer a redação do ENEM:
  • Jornais e Revistas Atuais: Ler jornais e revistas, tanto impressos quanto online, é uma ótima maneira de se manter atualizado sobre eventos e questões atuais que podem ser abordados nas redações.
  • Livros de Literatura Brasileira e Mundial: A leitura de clássicos da literatura brasileira e mundial pode enriquecer seu vocabulário e sua compreensão de diferentes estilos de escrita.
  • Obras de Sociologia e Filosofia: Leituras sobre sociologia e filosofia podem ajudar a desenvolver sua capacidade de análise crítica e a compreender questões sociais e éticas.
  • Textos Acadêmicos: A leitura de artigos acadêmicos em áreas relevantes para os temas do ENEM pode ajudar a aprofundar sua compreensão e embasar seus argumentos.
  • Discursos Políticos e Econômicos: Analisar discursos de líderes políticos e economistas pode ajudar a entender melhor as questões econômicas e políticas do Brasil e do mundo.
  • História do Brasil e do Mundo: Conhecer a história do Brasil e do mundo é essencial para entender o contexto de muitos problemas atuais.
  • Livros e Documentários sobre Temas Sociais: Livros e documentários que abordam questões sociais, econômicas e ambientais são úteis para ampliar sua visão sobre problemas e soluções.
  • Manual de Redação: Livros e guias de redação podem fornecer dicas práticas sobre como escrever uma redação eficaz.
  • Exemplos de Redações Anteriores do ENEM: Ler redações nota 1000 de anos anteriores pode ajudar a entender o que é esperado e a se familiarizar com o estilo de escrita exigido.
  • Gramática e Estilo: Livros que tratam de gramática, estilo e técnicas de escrita podem aprimorar suas habilidades linguísticas.
  • Partes da Constituição Federal: Estudar partes da Constituição Federal do Brasil pode ser fundamental para compreender a estrutura e os princípios fundamentais do país.
Lembrando que a Constituição Federal é uma leitura densa, mas fundamental para entender o funcionamento do sistema legal e político do Brasil. Portanto, é importante selecionar as partes que se relacionam diretamente com os temas que você está estudando para a redação do ENEM.

Além da leitura, filmes e documentários também podem ser ferramentas valiosas para a preparação da redação do ENEM. Eles oferecem uma maneira visual e envolvente de aprender sobre diversos tópicos e questões, além de enriquecerem sua compreensão sobre os problemas brasileiros. Aqui estão algumas maneiras de usar filmes e documentários para se preparar:
  • Ampliar a compreensão de tópicos: Filmes e documentários podem fornecer informações visuais e histórias pessoais que aprofundam sua compreensão sobre os problemas brasileiros. Eles podem ajudá-lo a ver e entender as questões de diferentes perspectivas.
  • Inspiração para tópicos de redação: Assistir a documentários sobre questões sociais, ambientais, políticas ou econômicas pode inspirá-lo a escolher tópicos de redação que estejam alinhados com seus interesses e conhecimentos.
  • Análise crítica: Ao assistir filmes e documentários, você pode praticar a análise crítica, avaliando as informações apresentadas, identificando pontos fortes e fracos dos argumentos e considerando diferentes opiniões sobre um assunto.
  • Enriquecer exemplos: Filmes e documentários podem fornecer exemplos concretos e casos reais que você pode usar para ilustrar seus argumentos nas redações.
  • Melhorar a expressão oral: Além de melhorar a escrita, assistir a filmes e documentários pode ajudar a desenvolver suas habilidades de expressão oral, o que é útil para a prova de redação e para a defesa de argumentos.
Aqui estão alguns exemplos de filmes e documentários relacionados a questões brasileiras:
  • "Cidade de Deus": Um filme que aborda a violência e a criminalidade nas favelas do Rio de Janeiro.
  • "A Lei da Água": Um documentário que discute a questão da água no Brasil.
  • "Central do Brasil": Um filme que trata de questões sociais no Brasil, especialmente relacionadas à educação e desigualdade.
Lembrando que, assim como nas leituras, é importante abordar filmes e documentários com um olhar crítico e questionador. Analisar o conteúdo, identificar os argumentos apresentados e considerar diferentes perspectivas é fundamental para sua preparação.

ChatGPT lista 10 possíveis temas para #Redação do #ENEM.

Aqui estão 10 temas possíveis de redação para o ENEM relacionados a problemas brasileiros:
  • Desigualdade social no Brasil: Causas, impactos e possíveis soluções.
  • A questão da educação pública no Brasil: Desafios e propostas de melhoria.
  • O combate à corrupção como um desafio constante na política brasileira.
  • O desmatamento na Amazônia e suas consequências para o meio ambiente e a sociedade.
  • A violência urbana no Brasil: Raízes, efeitos e estratégias de redução.
  • A falta de acesso à saúde de qualidade no país e as possíveis alternativas para enfrentar esse problema.
  • A questão indígena no Brasil: Conflitos, direitos e perspectivas de conciliação.
  • Os desafios da mobilidade urbana nas grandes cidades brasileiras.
  • A crise hídrica no Brasil e as medidas para garantir o abastecimento de água no futuro.
  • A discriminação racial no Brasil: Avanços e desafios para a construção de uma sociedade mais igualitária.
Lembre-se de que esses são apenas exemplos, e os temas da redação do ENEM podem variar a cada ano. É importante estar preparado para abordar uma ampla gama de questões relacionadas aos problemas brasileiros e propor soluções embasadas em argumentos sólidos.

sábado, 21 de outubro de 2023

Tilápia se adaptou ao mar e está se espalhando pela costa brasileira, diz estudo

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Resumo: Espécie de origem africana já foi encontrada do litoral do Maranhão à Santa Catarina e pode ameaçar ecossistemas marinhos. Falta de controle nas aquiculturas é apontada como um agravante.


Ao entrar em um restaurante, em qualquer região no Brasil, muito provavelmente você vai encontrar no cardápio a opção filé de tilápia. Difícil achar alguém que nunca ouviu falar sobre o peixe mais consumido no país mas, se mesmo assim surgir alguma dúvida sobre o prato, é só perguntar ao garçom que prontamente vai responder: "é um saboroso peixe de água doce!”.
No entanto, a tilápia não é um peixe nativo do Brasil, o que não é novidade também. A novidade nessa história é que esses peixes, de origem africana, estão invadindo os mares daqui.
Pesquisadores brasileiros de onze instituições publicaram um estudo pioneiro que traz evidências de que uma espécie invasora de água doce está conseguindo se adaptar a ambientes salobros. O trabalho, publicado na revista científica Aquatic Ecology, reúne uma série de registros sobre o assunto.
“Surgiram vídeos na internet feitos na região de Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro, que mostravam a presença de cardumes de tilápias no mar. Essa é uma região de água muito fria e salina, que sofre a influência de uma corrente oceânica que é profunda e que aflora na costa”, explica a ecóloga que liderou a pesquisa, Ana Clara Sampaio Franco, da Universidade de Girona na Espanha.
Os primeiros vídeos registrados no litoral fluminense foram somente a ponta dessa investigação que durou mais de um ano. “Nós temos registros que vão desde o Maranhão, até Santa Catarina. Passando por Espírito Santo, São Paulo e pelo Rio de Janeiro. Detectamos que esses casos não eram isolados, o que consideramos preocupante”, explica Ana Clara.

Como as tilápia foram parar no mar?
Uma pista para essa pergunta pode estar no número de registros da espécie mais encontrada na costa brasileira, a tilápia-do-nilo (Oreochromis niloticus). Por crescer rapidamente, esse é um dos peixes mais cultivados no país.
“As estruturas de criação não são imunes a falhas, por isso acontecem escapes. Há também descartes de aquicultores equivocados, que soltam essa espécie exótica invasora nos rios. O Brasil, apesar de deter uma das maiores biodiversidades do mundo, compra pacotes tecnológicos para aquicultura de espécies que não são daqui. Em vez de explorar nosso potencial”, afirma Ana Clara.
A invasão de tilápias em água doce no Brasil já é conhecida na ciência. Por isso, os pesquisadores fizeram um amplo cruzamento de informações para saber se as espécies chegaram ao ambiente marinho pelos rios que desaguam no mar. “A gente consegue ver que na costa do Norte e do Nordeste nós não temos essa correspondência”, comenta a pesquisadora.
O mistério, neste caso, está ligado à falta de informações sobre a criação de peixes. “Chegamos à conclusão que não existe no Brasil uma base boa, unificada e atualizada de dados sobre as estruturas de aquicultura, as espécies que são cultivadas e onde são cultivadas em pequena e média escala. A ausência desse levantamento não nos permite traçar com exatidão as possibilidades de ocorrência da tilápia”, explica Ana Clara.

Ancestrais marinhos
Você pode estar se perguntando: de que forma um peixe de água doce resiste à água salgada? A explicação está na evolução da espécie. As tilápias pertencem à família dos ciclídeos, a mesma do famoso tucunaré da Amazônia, e um dos últimos grupos marinhos que migraram para água doce.
“Os ancestrais da tilápia vieram do mar, por isso, a espécie tem capacidade de tolerar algum grau de salinidade”, explica o coordenador da pesquisa, Jean Vitule, do Laboratório de Ecologia e Conservação da Universidade Federal do Paraná.
Há possibilidade das tilápias usarem os rios de água salobra como um corredor ecológico entre o mar e os ambientes de água doce, já que a salinidade da água não seria uma barreira, deixando um rastro de impactos ambientais.
“A tilápia é uma invasora que pode transferir patógenos e elevar as taxas de eutrofização - surgimento excessivo de organismos como algas e cianobactérias. Ela também compete com espécies nativas por recursos, por alimentos e espaço. A tilápia é um bicho territorialista. Ela pode predar vários organismos, desde peixinhos até camarões, crustáceos e corais. Em último estágio, ela pode causar até a extinção de algumas espécies”, alerta Vitule.
Outra preocupação apontada pelo estudo é a criação de tilápias em água salobra em alguns lugares do mundo. “A gente pode ter uma seleção de linhagem, uma seleção artificial feita pelo homem criando tilápias cada vez mais adaptadas a esses ambientes salinos. O que coloca em risco, além dos ambientes de água doce, os ecossistemas marinhos”, comenta o pesquisador.
O estudo também faz um alerta sobre a necessidade de um controle mais rigoroso sobre a criação de peixes no Brasil. “Tilápia não é galinha, não fica confinada de fato. Você não vê galinha em uma unidade de conservação vivendo solta no meio do mato. Mas a tilápia você vê em unidades de conservação, o que é um problema. Não há confinamento adequado na maioria das aquiculturas e há tantos escapes que ela acaba chegando até o mar, deixando um rastro de impactos”, conclui.

sexta-feira, 20 de outubro de 2023

Mudanças climáticas podem levar à perda de 90% da fauna e da flora da caatinga

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Resumo: Dois estudos recentes apontaram um cenário alarmante para a caatinga, lançando um alerta sobre a fragilidade deste bioma, exclusivo do Brasil. As pesquisas, conduzidas por cientistas brasileiros, indicam que as mudanças climáticas podem levar à perda de espécies da fauna e da flora em 90% da caatinga até 2060.
Na última terça-feira (17/10/2023), um trabalho publicado na revista Global Change Biology destacou que 85% dos mamíferos perderão seus habitats no bioma, prevendo-se que um quarto de todas as espécies de animais ficará sem ambientes adequados para viver na caatinga até 2060.
"As zonas áridas estão particularmente em risco, com projeções sugerindo que se tornarão mais quentes, mais secas e menos adequadas para uma parte significativa das suas espécies, levando potencialmente à defaunação [extinção ou queda no número de exemplares] dos mamíferos", alerta o estudo.



A alteração no clima levará, ainda, a um processo de simplificação e homogeneização das espécies que, no caso dos mamíferos, pode atingir até 70% do bioma.
"Embora as respostas específicas das espécies possam variar em relação à dispersão, ao comportamento e às necessidades energéticas, as nossas descobertas indicam que as alterações climáticas podem levar as populações de mamíferos à homogeneização e à perda de espécies", aponta a pesquisa.
O trabalho previu que 93% do bioma experimentará uma mudança de composição, com a substituição de plantas arbóreas por espécies de gramíneas, herbáceas e suculentas. "O futuro aumento da aridez mudará os padrões das comunidades de plantas da floresta tropical seca, diminuindo a diversidade e a complexidade da vegetação", frisa a publicação.

quarta-feira, 4 de outubro de 2023

Platelminto: Verme encontrado em quintal de casa, na Grande BH, preocupa moradores

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Resumo: Identificado por especialistas como verme cabeça de martelo, espécie pode causar irritação na pele e demanda atenção com crianças e animais de estimação.
Moradores de Pedro Leopoldo, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, encontraram, na última quinta-feira (28/09/2023), um verme exótico no quintal de casa.
A presença do bicho deixou os moradores do bairro Teotônio Batista de Freitas apreensivos, já que o animal pode causar irritação na pele e até consequências mais graves, caso seja ingerido.
O verme, segundo especialistas ouvidos pelo Estado de Minas, se trata de uma planária conhecida como 'cabeça de martelo', espécie nunca antes vista em Minas Gerais e que só apareceu no Brasil há 24 anos, em uma área de floresta.
O bicho foi recolhido anteontem (2/10) por uma equipe da Prefeitura de Pedro Leopoldo e irá passar por análise para confirmar a toxicidade.
O verme, que se parece com uma lesma, tem a cabeça arredondada semelhante a um martelo, como diz seu nome popular, e pode chegar a até 60 cm de comprimento.
Não à toa, a escritora Kátia Oliveira Medina, de 45 anos, ficou assustada ao se deparar com o ser vivo pela primeira vez em seu quintal. "Vimos que era um bicho diferente, não era daqui. Desde o primeiro contato, mexi só com o pauzinho. O medo tomou conta, porque cada vez que a gente achava um, aparecia outro. Encontramos embaixo de um tapete e tocos de árvore", relata.
Ela mora na casa, que era da sua mãe, com os dois filhos, uma criança especial e outro de apenas quatro anos. "Medo maior é que temos uma criança pequena aqui. Estamos ficando mais dentro de casa para evitar ficar circulando pelo quintal", conta. Os vermes também teriam sido encontrados no rodapé da casa de um vizinho de Kátia. Depois disso, o bairro precisou ser isolado.
Habitats quentes, úmidos e escuros são exatamente os locais onde esse tipo de verme prefere viver, especialmente embaixo de folhas e de pedras de regiões de mata.
Naturais da Ásia, os vermes cabeça de martelo são mais comuns nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil, foram vistos pela última vez em 1999, segundo a bióloga e mestre em sustentabilidade Fernanda Raggi.
"Ele foi trazido de forma não intencional para cá. Acredito que se desenvolveram e ficaram quietos, principalmente, nas áreas de (formações) botânicas e cavernas. Mas, as mudanças climáticas acabaram forçando eles a subir para a superficie", conta Fernanda.
Conhecidos pelo nome científico Bipalium kewense, os vermes cabeça de martelo são platelmintos, predadores de animais do solo, principalmente as minhocas. O muco de locomoção desses bichos contém tetrodotoxina, uma neurotoxina que interrompe a sinalização dos neurônios para os músculos, substância usada por eles, inclusive, para matar suas presas.

Bipalium kewense de 22 cm de comprimento.

O principal perigo é, na verdade, para a própria horta, já que as minhocas desempenham um papel fundamental para o desenvolvimento das plantas. Mas, a população deve ficar atenta com os animais de estimação e crianças.

Riscos à saúde de crianças e animais

A bióloga atesta que o invertebrado pode ser nocivo à saúde. "Ele oferece o risco, sim, se ingerido por animais domésticos e por crianças. Se os animais de estimação comerem os vermes, podem adoecer, levando à insuficiência cardíaca e respiratória. Se a toxina entra no organismo humano, os efeitos podem ser mais graves, apesar de ainda desconhecidos, afetando de forma mais intensa bebês e crianças", aponta.
Apesar da toxina no muco, tocar no animal não traz grandes riscos. O máximo que pode acontecer é uma irritação na pele, diz a especialista. Para eliminar os vermes de seus quintais, a bióloga sugere colocar sal no solo e fazer uma limpeza da casa com água sanitária. O procedimento é recomendado ser feito usando luvas para evitar o contato direto com o animal.
Procurada pela reportagem do Estado de Minas, a Prefeitura de Pedro Leopoldo criticou a geração de "pânico sem que haja confirmação" de risco para os moradores e disse ter recebido análises não formais, tranquilizando, momentaneamente, a população.
Por meio de nota, o Executivo municipal disse que o verme foi recolhido anteontem (2/10) e passará por análises.