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E planta faz isso? Faz sim: as plantas também se comunicam. Pesquisadores do Japão descobriram uma lacuna na nossa compreensão da "conversa" entre plantas: antes, sabíamos como elas enviam mensagens, mas um estudo revela pela primeira vez como elas recebem sinais. A pesquisa foi publicada em 2023 na revista Nature Communications.
Para a pesquisa, cientistas das universidades de Saitama e Yamaguchi, no Japão, filmaram plantas para entender como respondiam ao serem banhadas por compostos orgânicos voláteis (COVs), que elas liberam segundos após serem feridas.
Imperceptíveis aos seres humanos, os COVs são sinais aéreos usados entre as plantas para se comunicar e se proteger. Parecidos com odores, essas sinalizações repelem herbívoros famintos e atraem os inimigos naturais desses animais.
Segundo o estudo, "plantas intactas vizinhas percebem esses COVs como sinais de perigo para desencadear respostas de defesa ou se preparar para responder a estresses iminentes de maneira oportuna".
A percepção dos compostos em plantas foi relatada pela primeira vez no início dos anos 1980 por dois grupos diferentes, que demonstraram que salgueiros Sitka (Salix sitchensis) e árvores de álamo (Populus x euramericana) exibiam propriedades anti-herbívoros que aumentavam quando ao serem cultivadas perto de plantas danificadas.
Desde então, este tipo de sinalização interplantas mediada por COVs foi relatada em mais de 30 espécies de plantas, incluindo feijão-de-lima, tabaco, tomate, sálvia e Arabidopsi.
Experimento com lagartas
Em um dos experimentos, os autores do estudo usaram um microscópio de fluorescência. Além disso, eles contaram com uma bomba para transferir compostos emitidos pelas plantas feridas e infestadas por insetos.
As plantas utilizadas nessa fase da a pesquisa foram geneticamente modificadas para que suas células contivessem um biossensor. Esse dispositivo se ilumina em verde quando um influxo de íons de cálcio é detectado.
As lagartas Spodoptera litura foram colocadas em folhas cortadas de plantas de tomate e em Arabidopsis thaliana, uma erva daninha comum na família das mostardas. Em seguida, os pesquisadores registraram as respostas de uma planta de Arabidopsis íntegra, sem insetos.
Os COVs foram concentrados em uma garrafa plástica e bombeados para cada planta receptora a uma taxa constante. As plantas não danificadas receberam as mensagens de suas vizinhas feridas, respondendo com explosões de sinalização de cálcio que se espalharam por suas folhas estendidas.
Veja o vídeo no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=wJ0SgwWG1q4&t=3s
A gravação mostra imagens de fluorescência usadas pelos cientistas para visualizar a sinalização de cálcio da Arabidopsis thaliana, exposta a COVs liberados por outra planta danificada.
Uma análise revelou que dois compostos, chamados Z-3-HAL e E-2-HAL, induziram sinais de cálcio na planta vizinha, Arabidopsis. Para entender quais células são as primeiras a responder aos sinais de perigo, os pesquisadores projetaram essa planta com sensores fluorescentes exclusivamente em determinadas células.
"Finalmente, desvendamos a intrincada história de quando, onde e como as plantas respondem às 'mensagens de aviso' no ar de suas vizinhas ameaçadas", afirma Masatsugu Toyota, biólogo molecular da Universidade de Saitama e autor sênior do estudo, em comunicado. "Essa rede de comunicação etérea, escondida de nossa visão, desempenha um papel fundamental em proteger as plantas vizinhas de ameaças iminentes de maneira oportuna."
COMPLEMENTO: Texto extraído da fonte (https://revistacasaejardim.globo.com/paisagismo/noticia/2024/01/video-incrivel-cientistas-gravam-planta-conversando-com-a-sua-vizinha.ghtml)
A equipe mostrou que mudanças nas concentrações de duas substâncias – os compostos voláteis (Z)-3-hexenal (Z-3-HAL) e (E)-2-hexenal (E-2-HAL) – na névoa acionaram instantaneamente as defesas das plantas intactas. Eles também descobriram que a presença dos compostos é identificado pelos estômatos, pequenos poros nas superfícies das plantas que realizam trocas gasosas.
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