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Resumo: Atividades do projeto são desenvolvidas em escolas públicas viçosenses
Alunos participantes dos projetos durante uma visita ao Apiário Central da UFV
As abelhas constituem o principal grupo de polinizadores e, por essa razão, são componentes vitais em todos os ecossistemas terrestres, pois a polinização é indispensável para a reprodução da maioria das plantas, tanto silvestre, quanto cultivadas. Dessa forma, as abelhas têm grande importância econômica e ambiental. Muitas espécies de abelhas, entretanto, são sensíveis a ações antrópicas como o desmatamento, queimadas e uso de agrotóxicos. Essas ações têm causado uma diminuição das populações naturais destes insetos e hoje, algumas espécies são consideradas ‘ameaçadas de extinção’.
Neste contexto, o trabalho de uma equipe multidepartamental e multicampi da Universidade Federal de Viçosa (UFV) busca oferecer alternativas para a conscientização da sociedade sobre a necessidade de preservação destes insetos.
Desde 2022, essa equipe, coordenada pela Profa. Mara Garcia Tavares, do Departamento de Biologia Geral está desenvolvendo dois projetos, financiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG): o ‘Abelhas como ferramenta para promoção de conhecimentos e troca de saberes entre universidade, escola e sociedade’ e o ‘De olho nas abelhas: uma abordagem multidisciplinar visando a promoção de conhecimentos e a conservação ambiental’,
O primeiro projeto tem como objetivo compartilhar e difundir conhecimento científico com o propósito de ampliar o conhecimento da sociedade sobre a importância biológica, os riscos de extinção e a necessidade de conservação das abelhas. O segundo projeto, por sua vez, desenvolve atividades baseadas em investigação por projetos e atividades de educação cidadã para aproximar a sociedade e a ciência, considerando possibilidades para uma formação mais realista e mais ativa. Em conjunto, os dois projetos almejam a conscientização da comunidade sobre a importância das abelhas para o ambiente e a necessidade da preservação deste importante grupo de polinizadores.
As atividades dos projetos envolvem alunos dos 6º, 7º, 8º e 9° anos do Ensino Fundamental e alunos do 1º ano do Ensino Médio das escolas E. E. Alice Loureiro, E. E. José Lourenço de Freitas, E. E. Effie Rolfs, E. E. Dr. Raimundo Alves Torres (ESEDRAT), E. M. Almiro Paraíso e E. M. Dr. Arthur Bernardes. Para a Profa. Mara Tavares, ‘trabalhar com alunos de escolas com diferentes perfis está sendo gratificante e fundamental para entendermos a percepção dos alunos sobre a presença e a importância das abelhas para o ambiente’, de modo a destacarmos também, a necessidade de sua preservação. Vários alunos, das escolas mais próximas da zona rural, por exemplo, comentaram que possuem uma ou algumas caixas de jatai em casa e que seus pais as mantém por ‘hobby’, enquanto alunos das escolas mais centrais de Viçosa relataram nunca terem percebido a presença de ninhos de abelhas sem ferrão em postes, muros ou árvores’.
Neste primeiro ano do projeto, os alunos participaram de trilhas ecológicas para a identificação de ninhos de abelhas, na UFV e no entorno das escolas, e visitaram o Apiário Central da Universidade Federal de Viçosa, onde puderam conhecer diferentes espécies de abelhas sem ferrão. Eles também participaram de oficinas e de atividades do Clube de Ciências, para conhecer melhor a morfologia das abelhas, aprender a confeccionar ninhos armadilhas para a coleta de enxames naturais e a dividir colônias. Nos Dias de Campo, os alunos coletaram diferentes espécies de abelhas e puderam perceber a diversidade morfológica e de tamanho entre elas. Após a coleta, eles aprenderam a fixar e montar os espécimes, visando a confecção de coleções entomológicas. Além das atividades citadas, também ocorreram palestras nas escolas parceiras sobre a importância das abelhas para o ambiente, como deixar o ambiente mais atrativo para as abelhas e a importância da polinização, além de minicursos para produtores rurais.
Segunda a Profa. Mara Tavares, essas ações conferem visibilidade a este importante grupo de polinizadores e despertam o interesse dos alunos para a necessidade de ajudar a conservar suas populações. Isto ocorre porque as atividades dos projetos foram pensadas para estimular o engajamento dos alunos, que se sentem motivados e se tornam multiplicadores das informações, ajudando na difusão de conhecimento”. O bolsista do projeto “De olho nas abelhas”, Davis Francisco de Paula destaca ainda que “para ajudar a difundir conhecimentos sobre as abelhas sem ferrão e a importância de se conservar as abelhas, de modo geral, ‘a equipe criou duas páginas no Instagram (@abelhudosufv e @deolhonasbaelhas), um canal no You Tube (@deolhonasabelhas) e um projeto de Ciência Cidadã na plataforma iNaturalist (https://www.inaturalist.org/projects/ufv-de-olho-nas-abelhas). Assim, a equipe e a sociedade podem ter canais para a contínua troca de experiência e aprendizado”. Sobre a plataforma iNaturalist, em particular, o Prof. Helder Canto Resende, do Campus de Florestal, que participa dos dois projetos citados, ressalta que “é uma oportunidade de troca de saberes e uma experiência participativa na produção do conhecimento científico. Nessa plataforma, qualquer pessoa, com um celular na mão e um olhar atento, pode fazer uma observação e registrar a ocorrência das abelhas. A imagem feita com a câmera do celular é enviada pelo próprio observador, o que permitirá a identificação das espécies pelos especialistas do grupo e um mapeamento de onde estas abelhas vivem. Assim todas as pessoas podem colaborar para o conhecimento científico a respeito das abelhas".
Nos próximos dois anos, as palestras, minicursos, oficinas, Dias de Campo e as atividades dos Clubes de Ciências continuarão. A equipe pretende ainda, desenvolver um jogo sobre a vida das abelhas em uma colônia, uma cartilha educativa e realizar atividades com os professores das escolas parceiras e produtores rurais de Viçosa e região. A expectativa é que, ao final, os diversos segmentos da população envolvidos, em especial os alunos, percebam-se como agentes nos esforços para a preservação desses insetos e até vê-los como possível fonte de renda, explica a Profa. Carolina Gonçalves Santos, do DBG, que também participa dos dois projetos em questão.
O desenvolvimento dos projetos também está impactando positivamente a formação profissional dos bolsistas. A bolsista do projeto “de olho nas abelhas”, Rhiala Gomes Albergaria destaca que “a participação no projeto tem sido gratificante, pois, poder acompanhar de perto a empolgação e a troca de saberes com os alunos das escolas é empolgante. Além disso consigo ver a expansão do meu próprio aprendizado sobre as abelhas, pois, aprendo coisas novas ao longo do projeto”. Para a bolsista Ana Luiza Soares, do projeto ‘Abelhas como ferramenta para promoção de conhecimentos’, “é interessante ver como os alunos participam ativamente das atividades e trazem conhecimentos prévios sobre as abelhas, de acordo com suas realidades. Sempre estou aprendendo algo novo e melhorando minha formação pessoal e profissional”.
Ao mesmo tempo, a experiência tem sido positiva para as escolas parceiras. A coordenadora Janayna Avelar Motta, que atua na E. M. Almiro Paraíso comenta que "O projeto ‘De olho nas abelhas’ foi muito bem recebido pelos alunos e professores da escola. As atividades propostas condizem com a realidade das nossas crianças e, com isso, elas demonstram interesse no assunto. Além disso, os integrantes sempre propõem experiências como, por exemplo, dinâmicas com caixas de abelhas, debates, imagens e palestras instigando as crianças a expressar suas ideias. Estes momentos têm sido uma experiência de muitos aprendizados para toda a escola. Esperamos que o projeto continue proporcionando essas vivências no espaço escolar".
Um outro aspecto foi destacado pela Profa. Patrícia Pinheiro de Campos Fonseca Rodrigues (Professora de Ciências e Biologia da ESEDRAT). Para ela, “o projeto ‘Abelhas como ferramenta para promoção de conhecimentos’ tem despertado, nos estudantes participantes, outro olhar, não somente para com a diversidade ambiental, mas também para com o respeito em relação à preservação desses insetos, pois, eles entendem que as espécies vegetais e, consequentemente, animais dependem amplamente do processo contínuo de polinização”. O interesse e o engajamento dos alunos pelo tema pode ser evidenciado na Feira de Ciências da Escola, que aconteceu no dia 18 de novembro. Nesta atividade, um grupo de alunos do 9º ano do Ensino Fundamental criou cartazes para explicar a importância e as consequências do desaparecimento das abelhas.
Com os resultados obtidos até o momento, a Profa. Mara conclui que, ‘apoiando iniciativas como estas, a Universidade incentiva a divulgação de conhecimentos gerados por seus professores, alunos e técnicos. Os projetos citados, em particular, buscam envolver o público no diálogo sobre a importância das abelhas sem ferrão para os diversos biomas e ajudar na tomada de decisões sobre a necessidade de conservação destes insetos, que são fundamentais para o ambiente em que vivemos”. Os resultados obtidos neste primeiro ano dos projetos foram publicados em alguns Eventos Científicos e os interessados em aderir às propostas e auxiliar na conservação das abelhas podem entrar em contato pelas páginas do Instagram dos projetos.
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